— Pai, meu sonho é ser um atleta de ciclismo BMX — pediu o pequeno Gustavo, de apenas seis anos.
Sem recursos para adquirir uma bicicleta para aquela modalidade pouco usual, o pai do menino foi a um ferro-velho na periferia de São Paulo, adquiriu peças e transformou uma bicicleta convencional em um equipamento de BMX. Mais de dez anos depois, com apenas 21 anos, o garoto levou o Brasil pela primeira vez na história a uma final olímpica da modalidade.
— Infelizmente não conseguimos a medalha, mas estou muito feliz de ter representado o nosso país, sendo o primeiro a colocar o BMX brasileiro nas Olimpíadas. E acho que tem muito mais por vir — disse, Gustavo Batista Oliveira, conhecido como Bala Loka, após terminar a final na sexta colocação.
Natural de Carapicuíba (SP), Gustavo Bala Loka contou a Zero Hora detalhes sobre o início no esporte e a forma como o seu pai superou as dificuldades financeiras para tornar o seu sonho possível.
— É uma loucura a minha história desde o começo. A gente não tinha muita condição financeira para ter uma bike. Nem existia uma aro 16 (necessária para a modalidade) no Brasil. Aí meu pai um dia passou em um ferro velho e montou uma bike BMX ali mesmo. E nessa eu comecei a andar de BMX. É simplesmente um sonho. Temos que acreditar nos nossos sonhos e ter fé — afirmou o garoto.
O apelido Bala Loka foi dado por amigos após uma queda em uma manobra de ciclismo e incorporado como "nome de guerra".
— Uma vez fui pular uma mesinha, passei da recepção e caí. Um dos meus amigos falou que eu era uma bala. Outro que era uma bala louca. E aí ficou Bala Loka — contou o jovem.
O ciclismo BMX Freestyle tem semelhanças com o skate, com a diferença óbvia de que as manobras são feiras com uma bicicleta. Apesar da pontuação de 90.2, o brasileiro ficou distante do pódio e terminou em sexto. O ouro ficou com o argentino José Torres Gil, com 94.82. Já a prata foi do britânico Kieran Reilly, com 93.91, enquanto o francês Anthony Jeanjean, um dos favoritos, garantiu o bronze, com 93.76.
Agora, a meta de Bala Loka é ir ao pódio nos Jogos de Los Angeles, em 2028.
— Eu tinha potencial para ter feito um pouco mais hoje e ir atrás dessa medalha, mas faltou um pouquinho mais de força e resistência. Mas bola para frente. A nossa missão era fazer o BMX estar aqui. A gente conseguiu fazer esse feito de ir à final. Agora, o próximo planejamento não é estar em uma Olimpíada e sim ganhar uma medalha olímpica — almeja.