Três anos depois das Olimpíadas de Tóquio — adiadas para 2021 e realizadas sem espectadores por causa da pandemia — a covid-19 volta a afetar a população antes do início dos Jogos de Paris 2024, embora sem o mesmo peso do último evento. Vários esportistas testaram positivo para o vírus ao chegarem na França, e autoridades admitem um pequeno aumento nos casos, ainda que sob controle.
O primeiro ministro delegado da Saúde, Frédéric Valletoux, afirmou à rádio France Info, na terça (23), que a situação está sob controle:
— Não há risco de que haja muitos casos. A covid está aqui, houve um pico leve e longe dos anos 2020-2021-2022, no fim de maio e no começo de junho, com desaceleração depois.
Em seu boletim semanal, a Santé Publique France (Agência Nacional de Saúde Pública da França) admite que há indicadores virológicos "em leve aumento" nos estabelecimentos médicos, mas "estável" nos hospitais.
— Acompanhamos muito de perto com as autoridades sanitárias francesas. Não há nenhuma recomendação específica — ressaltou o presidente do comitê organizador dos Jogos, Tony Estanguet.
Equipes e atletas afetados pela covid-19 em Paris
A equipe feminina australiana de polo aquático é uma das mais afetadas, com cinco jogadoras que testaram positivo, confirmou a chefe da delegação, Anna Meares.
— A equipe de polo aquático está confinada. Há uma sessão de treino e se as cinco atletas se sentirem bem para treinar, vão participar — acrescentou, ressaltando que toda a equipe havia se submetido a testes.
Além disso, vários atletas belgas também testaram positivo, segundo o médico do comitê olímpico nacional, que não revelou os nomes e as modalidades afetadas.
Em consequência direta, muitas delegações decidiram reforçar as medidas preventivas, como por exemplo a equipe francesa de remo, que compareceu com máscaras aos compromissos com a imprensa anteriores às provas.
O diretor técnico francês, Sébastian Vielledent, faz uma reflexão:
— É preciso ter precaução, vimos o aumento de fenômenos virais porque não se deve falar só do que todos pensamos, a covid-19. Em uma modalidade como a nossa, de força e resistência, muito psicológica, ter um vírus pode ser uma catástrofe.
Autoridades mantêm a calma
Dias antes da chegada das primeiras delegações a Paris, a Volta da França foi antecipada, com o retorno das máscaras para todo o pessoal (organização, convidados, jornalistas, etc) "em contato com os corredores e os membros das equipes de ciclistas" antes e depois das etapas.
Vários corredores, entre eles o campeão olímpico de VTT Tom Pidcock, foram afetados pela covid-19 durante a Volta. Ele abandonou a corrida, mas outros, com sintomas leves, continuaram, como o galês Geraint Thomas.
A organização lembra que o álcool em gel está disponível em todas as sedes e na Vila Olímpica, recordando os gestos habituais preventivos, como lavagem das mãos e, em caso de suspeita, limitar os contatos.
— O coquetel de convivência favorece a transmissão do Sars-CoV-2, assim como de outros vírus respiratórios — disse em meados de junho a epidemiologista Mirce Sofonea.
A saúde pública francesa insistiu, nesta quarta (24), nas medidas de barreira, como "usar máscaras em caso de sintomas".
A imagem das arquibancadas vazias na capital japonesa pertence ao passado, com quase 9 milhões de ingressos vendidos para os Jogos de 2024, mas o vírus não desapareceu.