A delegação brasileira ganhou três reforços para as Olimpíadas de Paris nesta sexta-feira (26). Isso porque o trio do atletismo formado por Hygor Gabriel, Lívia Avancini e Max Batista conquistou uma vitória no julgamento da Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês), realizado nesta sexta, e poderá disputar os Jogos de 2024.
"O requerimento protocolado por Lívia Avancini, Max Batista e Hygor Bezerra em 24 de julho de 2024 foi sustentado. As decisões proferidas pelo Conselho da Unidade de Integridade do Atletismo em 23 de julho de 2024, relativas à cada requerente individual, estão anuladas. Os requerentes têm direito a participar dos Jogos Olímpicos de Paris 2024", anunciou uma divisão da CAS, em Paris.
Com a decisão, Hygor, do revezamento 4x100 metros, Lívia, do arremesso de peso, e Max, da marcha atlética, poderão disputar suas provas do atletismo, que começam na segunda semana das Olimpíadas.
— Estou aliviada. Saiu um monstro das minhas costas. A justiça foi feita — comemorou Lívia, que disputará sua primeira Olimpíada da carreira.
O trio do atletismo brasileiro havia conquistado o índice olímpico em suas provas, mas foi barrado porque não tinha passado pela bateria de testes antidoping que é exigido para confirmar a vaga nos Jogos. Era necessário que cada atleta tivesse passado por, no mínimo, três testes antidoping, com intervalo mínimo de três semanas entre cada um.
Esses testes são surpresa e deveriam ter sido realizados entre setembro de 2023 e julho de 2024 – quando foi divulgada pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) a lista com os 43 atletas brasileiros que compõem a delegação na modalidade. Os três brasileiros foram testados, mas a World Athletics, a federação internacional de atletismo, questionou o intervalo dos exames, argumento derrubado pela CAS nesta sexta-feira.
— Foi uma batalha muito complicada, de vários dias, muito intensa. Estávamos litigando contra o Comitê Olímpico Internacional (COI), que não queria que o tribunal sequer reconhecesse nosso processo. Alegou que não havia competência do tribunal. E contra a World Athletics, que queria usar contra os brasileiros as regras de elegibilidade superiores às exigidas na maior parte dos países do mundo — disse o advogado Marcelo Franklin.
A audiência durou quase cinco horas, no início desta sexta.
— O tribunal encerrou as atividades a cerca de duas horas e neste momento recebemos a notícia da vitória, dando conta de que nossos atletas vão poder vivenciar o sonho olímpico deles e exercer a posição que ganharam dentro do campo de competição de maneira justa e honesta — comentou o advogado dos atletas brasileiros.
Entenda o caso
A CBAt definiu critérios técnicos para a realização dos testes antidoping ao longo dos últimos meses. Todos os que já tinham índice olímpico ou que estavam no ranking "Road to Paris" receberam a testagem. Não foi o caso de Hygor, Lívia e Max.
Em nota, a Agência Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) informou, no dia 10 de julho, que realizou os testes em 102 atletas, que foram identificados pela CBAt como uma lista prioritária. Max e Lívia estiveram nessa lista, mas a World Athletics recusou os testes das duplas.
"Os atletas Max e Lívia entraram na lista prioritária para testes, por indicação da CBAt e passaram por dois testes de urina e um de sangue, fora de competição, além de um teste de urina em competição nos últimos 10 meses. Contudo, a WA questiona o intervalo entre os testes, afirmando o descumprimento da regra por eles estabelecida", informou a entidade, que é responsável pela realização dos testes no país.
Além disso, a ABCD fez questão de garantir que acompanha o julgamento e a atualização dos casos dos atletas junto à CAS: "A exclusão dos atletas Lívia, Max e Hygor dos Jogos de Paris não decorre de uma falha de procedimento da ABCD ou da CBAt. A ABCD tem como principal atribuição garantir a todo atleta o direito de competir de forma justa e limpa e assim seguirá atuando."