O número recorde de atletas mulheres na delegação brasileira em Paris empolga a ex-jogadora de vôlei Ana Moser, 55 anos. Em entrevista a Zero Hora, nesta quinta (18), em Paris, a medalhista olímpica afirmou que a marca mostra uma evolução não só do esporte feminino, mas, acima de tudo, da sociedade brasileira.
— Não é algo ao acaso. Creio que é algo bom e sustentável, pois este crescimento vem de muitas décadas e de muitos ciclos olímpicos. Mostra que o esporte feminino tem qualidade suficiente para estar em maior número na delegação brasileira. É uma evolução do nosso esporte e da nossa sociedade de uma maneira geral — declarou Ana Moser durante evento sobre políticas para o esporte realizado na Sorbonne, renomada universidade parisiense.
Nas Olimpíadas de 2024, o Brasil competirá pela primeira vez com uma delegação com mais mulheres do que homens. Dos 276 atletas que estarão em Paris, 153 são mulheres, cerca de 55% do total. Segundo Ana Moser, que ocupou o cargo de ministra do esporte por pouco mais de oito meses em 2023, a marca pode estimular ainda mais a prática de esportes entre as mulheres, mas desde que acompanhada de oportunidades.
— O esporte de alto rendimento é o que dá mais visibilidade. Então, teremos visibilidade maior para as mulheres e veremos mais meninas influenciadas por isso. Mas, ao mesmo tempo, elas têm que ter onde praticar esportes.
— É importante haver lugares para se iniciar e para dar vazão a esta inspiração. Isso tem que estar casado. Se não estiver casado, não funciona — completou Moser, que foi medalhista de bronze com a seleção feminina de vôlei na Olimpíada de 1996, em Atlanta-EUA.
Ana Moser participou de um painel sobre políticas de inclusão no esporte em um evento organizado na Sorbonne pela Fundação Gol de Letra, dos ex-jogadores Raí e Leonardo. Curiosamente, foi justamente nesta universidade que ocorreu o Congresso de fundação dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, em 1894.