Quem vê o bicampeonato de Martine Grael e Kahena Kunze na classe 49er FX da vela até pode pensar que a conquista concretizada nas Olimpíadas de Tóquio foi fácil. Contudo, a realidade das brasileiras é outra. Em entrevista à equipe de GZH que está na capital japonesa, o chefe da equipe de vela e pai de Martine, Torben Grael, contou que a dupla teve de enfrentar desafios inéditos durante as provas.
— Foi tudo muito difícil, a vinda pra cá, não teve condições de treinar antes do evento, só já perto da competição. O campeonato foi uma competição em que elas tiveram alguns obstáculos que nunca tinham acontecido. Na primeira regata, elas estavam super bem e a escuta do balão ficou presa entre a asa e o barco e elas acabaram caindo pra 15º. Depois uma penalidade, junto com a norueguesa na largada, um outro resultado difícil que elas salvaram muito. Esse segundo ouro foi um desafio grande para elas — analisa ele.
Grael é um dos principais velejadores do Brasil e um dos maiores medalhistas olímpicos do país. Ele tem dois ouros na Star, conquistados em Atlanta-1996 e Atenas-2004, uma prata, na Soling, em Los Angeles-1984, e dois bronzes, na Star, em Seul-1988 e Sydney-2000. Apesar da larga experiência em competições, Grael deixa claro que prefere a emoção de ver sua filha ganhando do que ele mesmo.
— Você quando está competindo, está entretido. Não tem muito espaço pra emoção. Quando está de fora assistindo não tem nada pra fazer, só torcer. E é muito mais emocionante pra mim ver uma medalha dela do que ganhar uma medalha, porque ver meus filhos bem sucedidos é muito bom — acrescentou.
Além de Martine e Kahena, só foram bicampeões olímpicos brasileiros em edições seguidas dos jogos Adhemar Ferreira da Silva (1952/1956), e as jogadoras de vôlei Sheilla, Jaqueline, Fabi, Fabiana, Paula Pequeno e Thaisa (2008/2012). Completando o pódio da regata desta madrugada, a Alemanha ficou em segundo lugar e a Holanda em terceiro.