Quando Petrúcio Ferreira, do atletismo, e Evelyn Oliveira, da bocha, entrarem no gramado do Estádio Nacional de Tóquio na cerimônia de abertura das Paralimpíadas, nesta terça-feira (24), o Brasil começará sua 13ª participação nos Jogos Paralímpicos de Verão — a primeira vez foi em 1972, em Heidelberg, na Alemanha.
Os dois, acompanhados da técnica da classe BC4 da bocha, Ana Carolina Alves, e do diretor técnico do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Alberto Martins, representarão os 259 atletas (incluindo atletas-guia, calheiros, goleiros e timoneiro) no evento que dará o pontapé inicial no Japão.
Esta será a maior missão brasileira em Jogos Paralímpicos no Exterior. Na última edição fora do Brasil, em Londres, o país esteve representado por 178 atletas. O número para a capital japonesa só é superado pela participação no Rio de Janeiro, em 2016, quando, por ser o país-sede, contou 286 atletas no total. A delegação brasileira paralímpica está dividida por 163 atletas homens e 96 atletas mulheres, o que significa uma representatividade de cerca de 37% feminina entre o total da delegação brasileira paralímpica que está no Japão.
Isso significa um aumento de 34% em relação ao número de mulher que foi as Paralimpíadas de Londres (69). A meta do CPB para os próximos anos é ocupar todas as vagas femininas que existirem na delegação brasileira para a disputa dos Jogos, o que não foi possível esse ano em virtude da não classificação da equipe de basquete em cadeira de rodas feminina em Tóquio.
Com a maior delegação em território estrangeiro nas Paralimpíadas, o objetivo do comitê brasileiro é chegar a 100 medalhas de ouro na história. Atualmente, o Brasil já subiu 87 vezes no lugar mais alto do pódio desde sua primeira experiência paralímpica, em 1972.
A meta estabelecida é que o país fique entre no top 10 no Japão, buscando repetir o desempenho das últimas edições. No Rio de Janeiro, os brasileiros conquistaram 72 medalhas no total: 14 de ouro, 29 de prata e 29 de bronze, o maior número já conquistado pelo país em uma edição dos Jogos (8º), mas abaixo de Londres em posição no quadro, quando foi sétimo, com 21 ouros, mas 43 medalhas.
— Queremos permanecer entre os 10 melhores do mundo nos dois próximos Jogos. Em 2032, provavelmente na Austrália, vamos pensar em estar entre os cinco primeiros. Os acontecimentos de 2019 mudaram demais os nossos planejamentos, os atletas deixaram de treinar, e vínhamos de resultados espetaculares em mundiais nos anos anteriores. É difícil falar em metas com realidades tão diferentes entre os países. Do ponto de vista pessoal, minha expectativa é de que vamos superar todos os problemas e ter uma grande participação nos Jogos. Pensando cientificamente, com base nos números, é complicado dizer o que vai acontecer — afirmou Mizael Conrado, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, em entrevista recente à Folha de S. Paulo.
Em busca de mais uma campanha histórica, a primeira competição que o Brasil irá participar será a seleção brasileira masculina de goalball, contra a Lituânia, já na noite de terça-feira (24), às 21h (horário de Brasília). O país estará em mais 19 das 22 modalidades. Os brasileiros só não conseguiram vaga no basquete em cadeira de rodas e no rúgbi em cadeira de rodas.
O Brasil em números nas Paralimpíadas de Tóquio
- 259 atletas (incluindo atletas-guia, calheiros, goleiros e timoneiro).
- Serão 163 atletas homens e 96 atletas mulheres.
- 87 atletas estreantes (47 homens e 40 mulheres).
- O país estará em 20 das 22 modalidades.
- A modalidade com o maior número de atletas será o atletismo, com 65 representantes e 19 atletas-guia.
- Os medalhistas de ouro em provas individuais receberão R$ 160 mil por medalha, enquanto a prata renderá R$ 64 mil cada e o bronze, R$ 32 mil.
- O Brasil já conquistou 301 medalhas na história dos Jogos Paralímpicos (87 de ouro, 112 de prata e 102 de bronze).
- Daniel Dias (natação - classe S5) é o atleta com mais pódios na história do Brasil, com 24 medalhas em apenas três edições dos Jogos, sendo 14 de ouro, sete de prata e três de bronze.
- Atletas nascidos no estado de São Paulo são maioria, com 60 representantes. Amapá, Sergipe, Roraima e Tocantins não serão representados no Japão.
- O nadador mineiro João Pedro Brutos, de Uberlândia, será o atleta mais novo a compor a delegação brasileira paralímpica nos Jogos de Tóquio (17 anos e dois meses).
- A deficiência física é a mais presente, com uma representação de 72,9% entre o total dos participantes, seguida pela deficiência visual (23,2%), e pela deficiência intelectual (3,9%).