O esporte brasileiro tem que guardar esse 1º de agosto de 2021 para sempre. No começo da manhã deste domingo, a jovem Rebeca Andrade conquistou a primeira medalha de ouro da ginástica feminina do Brasil e escreveu uma das mais belas páginas da história olímpica do país.
Depois da prata no individual geral, o ouro no salto eleva a paulista de 22 anos ao mais alto degrau na lista dos principais esportistas brasileiros em todos os tempos.
Além de todo o simbolismo do feito do ouro inédito, a vitória de Rebeca tem a cara do Brasil. De origem humilde, como a maioria de nossa população, ela é fruto de um projeto social de iniciação ao esporte da prefeitura de Guarulhos, em São Paulo, e ficou conhecida como a "Daianinha de Guarulhos", uma referência a gaúcha Daiane dos Santos, primeira ginasta brasileira, entre homens e mulheres, a conquistar uma medalha de ouro em Mundiais.
O feito de Daiane aconteceu em 2003 e teve como técnica Adriana Alves, do Grêmio Náutico União, que nesta madrugada/manhã de domingo participou conosco da transmissão da prova do salto. Árbitra internacional, ela trouxe conhecimentos técnicos e ao mesmo tempo torceu, se emocionou, vibrou, chorou e comemorou.
Uma das frases ditas por ela me marcou bastante. Com o esporte no coração, correndo em suas veias, Adriana contou diversas histórias e quase no momento da despedida disse: "eu faria tudo de novo".
A emoção da treinadora que ajudou Daiane dos Santos a crescer é o exato retrato de como é feito o esporte no Brasil. Se lá no começo, a campeã mundial de solo treinava em um "tablado artesanal", hoje a estrutura é absolutamente profissional e com material de primeiro nível, uma coisa não mudou e jamais irá se modificar: a abnegação e o amor de profissionais como Adriana Alves pelo esporte.
Os Jogos dão visibilidade e são comentados a cada quatro anos. Porém, uma medalha olímpica não é construída em uma semana, um mês, um ano. Ela é concebida através de longos períodos de sacrifício, obstinação e abnegação de atletas e treinadores, como Adriana, Kiko Pereira, Arataca, Kiko Klaeser, Roberto Tietz, nomes que talvez vocês não tenham conhecimento, mas que tem uma imensa importância no esporte brasileiro.
Negacionistas
A pandemia segue e o negacionismo é uma das pragas a ser combatida, além do vírus. Neste domingo, algumas cenas me chamaram atenção em Tóquio.
Na Arena do vôlei, uma jornalista da rede de Tv canadense CBC teve sua atenção chamada pelo capitão da equipe John Gordon-Perrin por não estar utilizando a máscara facial de forma correta durante as entrevistas.
Em outro momento, no transporte oficial que saía da Ariake Arena, um cinegrafista de uma tv francesa insistia em não usar o equipamento de proteção individual e causou desconforto entre jornalistas que se recusaram a deixar o ônibus que os levaria para o Centro de Imprensa, antes que o francês colocasse a máscara.
Na natação, o norte-americano Michael Andrew, que já havia rejeitado tomar a vacina antes das Olimpíadas, também se recusou a usar máscara na zona mista, local onde são feitas entrevistas e foi denunciado pela jornalista Christine Brennan, colunista do diário USA Today em seu perfil no Twitter. Na piscina, ele não levou medalha e encerrou sua participação com um quarto lugar, atrás do brasileiro Bruno Fratus.