A dolorosa eliminação da Seleção Brasileira feminina de futebol, nos pênaltis, para o Canadá, além de tirar o time dirigido por Pia Sundhage da rota das medalhas em Tóquio, marcou o fim de uma geração.
Remanescentes dos melhores momentos do Brasil na modalidade, Formiga e Marta fizeram nesta sexta-feira (30) suas despedidas dos Jogos Olímpicos. A volante atingiu a impressionante marca de sete participações, enquanto a camisa 10 ficou próxima de quebrar o recorde de gols de outra brasileira, Cristiane, que tem 14 e é a maior artilheira da história das Olimpíadas.
Tanto Marta quanto Formiga são atletas de nível superior, mesmo que já estejam na reta final de suas carreiras, mas o que elas fizeram ao longo dos últimos 20 anos, pela Seleção, não pode ser esquecido e tem de servir de exemplo para o crescimento do futebol feminino brasileiro.
Após a partida, lembrei da geração de prata do vôlei, que tinha Renan e Bernardinho entre seus integrantes e que jamais conquistou um título de expressão — foi vice no Mundial de 1982 e nos Jogos Olímpicos de 1984 e até hoje é reverenciada. A seleção de futebol feminino foi vice-campeã olímpica em 2004 e 2008 e também deve ganhar este reconhecimento.
Se aqueles jogadores são reverenciados até hoje, ao lado dos que depois deles conquistaram três ouros e duas pratas, creio que num futuro bem próximo Marta e Formiga terão um reconhecimento ainda maior — e do real tamanho do que representaram ao longo da história do futebol brasileiro.
Se Marta e Formiga não foram campeãs olímpicas, quem perde são as Olimpíadas, que também não viram João de Paulo, Gustavo Kuerten e Roger Federer subirem ao degrau mais alto do pódio.
Após a partida em Sendai, Marta reuniu as jogadoras brasileiras e fez um discurso emocionado. A Rainha falou em "orgulho, privilégio de fazer parte do grupo" e, mesmo que não volte a defender a camisa verde e amarela, sempre será lembrada por suas conquistas e dedicação.
O certo é que a menina alagoana de Dois Riachos, que um dia sonhou em jogar futebol e foi tentar a sorte no Rio de Janeiro, não apenas cresceu. Ela se tornou enorme, atingindo o ápice, e passou a servir de exemplo para quem quer iniciar no esporte. Formiga, com seu fôlego interminável, sempre foi o pulmão da equipe, e sua dedicação e capacidade de resiliência também são motivo de orgulho e espelho para as próximas gerações.
Que Marta e Formiga sirvam de modelo para futuras gerações e inspirem mulheres não só a gostar de futebol, como também a praticá-lo. Afinal, elas são a nossa geração de prata do futebol feminino e abriram portas que não devem ser fechadas jamais.
Muito obrigado, Rainha Marta e Formiga.
Sequência quebrada
A derrota para o Canadá significou a quebra de um excepcional retrospecto olímpico da técnica Pia Sundhage. Esta será a primeira Olimpíada em que a sueca não terminará no pódio, após os títulos de 2004 e 2008 com os Estados Unidos e a prata em 2016 com a Suécia.
Leveza
Foi o próprio técnico Renan Dal Zotto quem alertou. Após a derrota para a equipe russa, o treinador da seleção brasileira masculina de vôlei disse que sua equipe havia jogado calada, fugindo de seu padrão. Nesta sexta, após a virada sobre os EUA, o gaúcho de São Leopoldo se mostrou satisfeito pela atuação e pela forma alegre que o Brasil jogou diante de um rival que é candidato ao pódio em Tóquio.