Os Jogos Olímpicos, adiados de 2020 para 2021 pela pandemia, têm "100% de chances" de acontecer, afirmou nesta quinta-feira (3) a presidente do comitê de organização de Tóquio 2020, Seiko Hashimoto, apesar da oposição persistente do público japonês a 50 dias da inauguração do evento.
Em uma entrevista oferecida nesta quinta à BBC Sport, Hashimoto declarou estar convencida de que os Jogos vão acontecer, como está previsto, entre 23 de julho e 8 de agosto, depois de serem adiados por um ano devido à pandemia.
— Acredito que a chance de os Jogos acontecerem é de 100%, nós faremos — disse.
Ela afirmou também que esses Jogos podem ser os primeiros da história a serem disputados a portas fechadas, se a exclusão de espectadores locais for decidida nas próximas semanas para prevenir os contágios. A organização já descartou a possibilidade de receber torcedores estrangeiros.
— O maior desafio será saber como podemos controlar e administrar o fluxo de pessoas. Se uma epidemia acontecer durante os Jogos, seria uma crise, uma situação de emergência, e temos que estar preparados para organizar esses Jogos sem espectadores — explicou.
Hashimoto fez essas declarações enquanto a organização de Tóquio 2020 contava, nesta quinta-feira, os 50 dias que faltam para a inauguração do evento, oferecendo detalhes sobre a entrega de medalhas, com pódios fabricados em plástico reciclável, e sobre a música que os atletas premiados vão ouvir.
— Restam 50 dias. Tenho a impressão de poder ouvir o som dos passos dos atletas que se dirigem para Tóquio — declarou Hashimoto em uma cerimônia celebrada na Ariake Arena, uma das sedes olímpicas.
— Estamos completamente preparados graças às medidas de prevenção das infecções —, afirmou a um grupo de atletas. — E para que o Japão se sinta seguro recebendo-os, peço a todos os atletas que sejam responsáveis por suas ações, que respeitem as regras — acrescentou.
Antes da cerimônia desta quinta-feira, Hashimoto afirmou que um cancelamento dos Jogos a essa altura é praticamente inconcebível.
— Só se vários países do mundo viverem situações muito graves, e a maior parte das delegações não puder vir, não poderíamos organizá-los — disse ao jornal Nikkan Sports. — A menos que seja uma situação assim, os Jogos não serão cancelados — reiterou.
Em uma demonstração das dificuldades encontradas pela organização, o diretor-geral de Tóquio 2020, Toshiro Muto, declarou na quarta-feira à imprensa local que cerca de 10 mil dos 80 mil voluntários previstos para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos jogaram a toalha nos últimos meses, principalmente por preocupações sanitárias.
— Acho que não há dúvidas de que uma das razões é a preocupação com as infecções por coronavírus — afirmou.
Outros se retiraram por questões de calendário, depois que os Jogos foram adiados por um ano, ou para protestar contra os comentários sexistas do ex-presidente de Tóquio 2020, Yoshiro Mori, que foi obrigado a se demitir em fevereiro e foi substituído por Seiko Hashimoto. Muto afirmou que a menor quantidade de voluntários — usados como guias, assistentes ou tradutores — não afetará os Jogos.