Dono de quatro medalhas olímpicas, o ex-nadador Gustavo Borges, 46 anos, veio ao Rio Grande do Sul nesta semana para apresentar palestras motivacionais. Em conversa com a coluna No Pódio, avaliou as chances da natação brasileira em Tóquio 2020 e projetou as chances de seu filho, Luiz Gustavo Borges, de integrar a delegação no Japão.
Aos 20 anos, o velocista compete nos 50m e nos 100m (prova na qual o pai conquistou uma prata e um bronze nos Jogos) e frequenta a mesma instituição – Universidade de Michigan, em Ann Arbor, – em que o Gustavo Borges obteve a graduação de economista nos Estados Unidos (o jovem estuda administração).
Nos 50m livre, o garoto já superou o pai: em julho, na Universíade de Nápoles, na Itália, Gustavinho (como é chamado) cravou 22s38, 22 centésimos mais rápido da marca registrada pelo ex-nadador no Mundial de natação de 1994, em Roma. Nos 100m, o medalhista olímpico ainda está na frente: 49s02 contra 49s23.
– Ele tem chances reais de disputar a Olimpíada de Tóquio – avalia Gustavo Borges.
Na Universíade, o jovem nadador conquistou a medalha de prata no revezamento 4x100m.
Leia abaixo a entrevista do ex-campeão:
No Mundial de natação deste ano, o Brasil conquistou cinco medalhas, mas apenas uma em prova olímpica. Qual a sua projeção para Tóquio 2020?
Hoje, é justamente essa, com o Bruno Fratus, nos 50m livre. A gente ainda tem chance no (revezamento) 4x100m (masculino), nos 100m livre com o (Marcelo) Chierighini, e dependendo do que acontecer em abril (quando será definida a equipe brasileira com base nos resultados no Troféu Maria Lenk) e nas seletivas internacionais, na Austrália e nos Estados Unidos principalmente – lógico que um pouco de visão para a Europa, com França e Inglaterra –, teremos um noção melhor de quais serão as nossas reais chances de medalhas. Mas certamente Bruno Fratus é o que tem mais chance.
Cesar Cielo vai voltar a competir em novembro, na Itália. Você acredita que ele terá condições de disputar a Olimpíada em alto nível?
Sem dúvida. Depende muito mais da vontade dele, do caminho que ele está seguindo. É lógico que o Cesar não é mais um jovem de 22, 23, 24 anos, já tem mais de 30 anos. Terá de superar alguns desafios que não tinha quando era mais jovem. Mas ele é um campeão olímpico, tem três medalhas nos Jogos, um potencial gigantesco. Mas primeiro vai ter de tomar essa decisão (de se preparar e buscar a classificação olímpica na seletiva de abril). Se tomar essa decisão, certamente será um cara muito competitivo e vai disputar essa vaga.
Luiz Gustavo vem seguindo seus passos na natação e também fora dela. Qual o potencial do seu filho para participar da Olimpíada?
Ele tem boas chances. Está em sétimo lugar (do ranking brasileiro de 2019) nos 100m livre, e a confederação não definiu se vão seis ou quatro (representantes nas disputas individuais e nos revezamentos) na prova. Então, tem de ficar entre os quatro primeiros para ir. Nos 50m livre, vão dois (Luiz Gustavo é o quinto do ranking). Ele tem chances reais. Está em evolução, melhorando, teve boa presença em julho, no verão do Hemisfério Norte, onde participa das competições principais, com bons resultados. Existem boas perspectivas, temos de aguardar. Em abril será a seletiva, é preciso chegar firme lá.