Um dos cinco esportes estreantes no programa de Tóquio 2020, o surfe está perto da definição dos primeiros representantes brasileiros em Olimpíada. Nesta quinta-feira (17), teve início a etapa de Peniche, em Portugal, a penúltima parada do Circuito Mundial, a elite da modalidade.
O campeonato organizado pela Liga Mundial de Surfe (WSL) distribuirá 10 de um total de 20 vagas masculinas para o evento que será realizado na praia de Tsurigasaki, em Chiba, distante 60 quilômetros da capital japonesa — entre as mulheres, estão reservadas oito das 20 vagas olímpicas. As demais vagas serão preenchidas a partir de resultados de outras competições, como o ISA World Surfing Games de 2019 e 2020 — promovidos pela Associação Internacional de Surfe —, os Jogos Pan-Americanos de Lima 2019 e a Copa da Nação Anfitriã, no Japão.
Vale lembrar que cada país poderá classificar apenas dois atletas por gênero. Na corrida olímpica brasileira, a disputa está embolada entre os três surfistas que mais venceram etapas nas duas últimas temporadas: o bicampeão Gabriel Medina, atual líder do ranking, Filipe Toledo, terceiro em 2018 e hoje o segundo colocado, e Italo Ferreira, que no ano passado terminou em quarto lugar, mesma posição de agora. Neste momento, o potiguar estaria fora dos Jogos, mas com 20 mil pontos ainda em jogo o cenário é de indefinição – a diferença de Medina para o vice é de 2.285 pontos, e para Italo, de 5.615.
Nesta quinta-feira (17), na primeira rodada na praia da Supertubos, o trio avançou sem sustos diretamente para a terceira rodada, pulando o risco de eliminação precoce na repescagem. Entre os oito surfistas que ainda têm chances matemáticas de título, Medina é o único que pode deixar Portugal com o caneco – logo, com a vaga olímpica também – na bagagem.
Para conquistar o tricampeonato mundial em Peniche, etapa que já venceu em 2017 e foi terceiro em 2018, o paulista de Maresias precisa chegar à final e torcer por combinações de resultados caso termine a competição em primeiro ou segundo lugar. Mesmo que ele não conquiste o título agora, uma boa campanha no litoral português deve encaminhar sua classificação olímpica, já que costuma surfar bem nos tubos de Pipeline, no Havaí, a última etapa do circuito, em dezembro.
– Acredito que uma das vagas ficará mesmo com Medina. Em termos de surfe, os três têm o mesmo nível técnico, mas Medina é muito focado e forte mentalmente. É o tipo do atleta que cresce sob pressão – afirma Tiago Brant, comentarista da ESPN. – A segunda vaga está em aberto, mas vejo Italo com mais chances. É preciso levar em conta que o Filipinho está com lesão nas costas e tem um histórico que não é favorável em Pipeline – completa.
Seja quem vestir o verde-amarelo nas águas geladas do Pacífico em julho/agosto de 2020, o certo é que o Brasil terá dois fortes candidatos a medalha na estreia do surfe na Olimpíada.
Gaúcha-havaiana quase em Tóquio
A decisão de assumir a nacionalidade brasileira em 2018 deu resultado a Tatiana Weston-Webb, filha de uma gaúcha e que se mudou ainda bebê para o Havaí. Só por mera formalidade matemática a surfista não está classificada para a Olimpíada. Sem chance de título no circuito feminino, ela está em oitavo no ranking, com boa folga para concorrentes que poderiam lhe tirar a vaga. Em 12º lugar, a cearense Silvana Lima também tem chance.