A Olimpíada do Rio deu ao Brasil o mais acabado exemplo de como manter, nos ciclos seguintes, o ótimo desempenho que sempre ocorre quando a competição é em casa. A Grã-Bretanha conseguiu a proeza de melhorar seu resultado em relação aos Jogos de Londres.
Em 2012, os britânicos terminaram na terceira colocação, com 29 ouros e 65 pódios. No Brasil, ultrapassaram a China, conquistando 27 ouros e 67 medalhas para ficar em segundo lugar. A razão para o crescimento remonta aos anos 1990.
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Depois dos Jogos de Atlanta, em 1996, quando a Grã-Bretanha terminou na 36ª colocação no quadro, profundas transformações ajudaram a catapultar o esporte de alto rendimento. A principal iniciativa é bem semelhante à Lei Agnelo/Piva, já que utiliza parte dos recursos das loterias. A versão inglesa, porém, é bem mais turbinada: em vez dos 2% da jogatina que vão para o esporte no Brasil, lá o percentual é de 20% da arrecadação da loteria federal inglesa. Esse dinheiro é a principal fonte que alimenta o esporte britânico. No ciclo pré-2016, os recursos públicos destinados à preparação cresceram em relação aos gastos nos quatro anos antes da Olimpíada em casa, em 2012.
A forma com que a renda é distribuída obedece à lógica da performance: investe-se mais onde a história mostra que há mais chances de ganhar medalhas. No caso dos britânicos, modalidades como o ciclismo ganham prioridade. Há quem critique essa abordagem, apontando que, assim, não há incentivo para que outros esportes se desenvolvam. Do ponto de vista do alto rendimento, porém, não há como negar a eficiência da estratégia.
O maior perigo para o Brasil é o de repetir países como a Grécia, que tiveram brutal queda de resultados após sediar a Olimpíada. Em Atenas-2004, os donos da casa ficaram com a 15ª colocação. Quatro anos depois, já estavam na 58ª posição. Se os gregos conquistaram 16 medalhas ao lado da torcida, desde então somam 12 pódios em três edições dos Jogos. Em comum com os brasileiros, têm um fator preocupante: o país atravessou uma grave crise econômica.