Desde Atenas 2004, quando o futebol de cinco foi incluído no programa dos Jogos Paraolímpicos, o Brasil não perdeu um jogo sequer. E mais, nos últimos 10 anos, a seleção ganhou todos os campeonatos que disputou. Por isso, é óbvio dizer que somos favoritos ao ouro, mas também é certo que os nossos adversários estão ansiosos para acabar com essa invencibilidade.
Pergunto ao técnico da seleção, Fábio Vasconcelos, a receita do sucesso.
– É um conjunto de tudo: dedicação, estrutura e trabalho – diz o treinador, que foi goleiro da equipe por quase dez anos e assumiu como técnico em 2013.
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Em jogo pela última rodada da fase classificatória, nesta terça-feira, o Brasil empatou em 0 a 0 com o Irã e confirmou o primeiro lugar do grupo. Com um calor escaldante no Rio, o técnico poupou alguns jogadores, entre eles o gaúcho Ricardinho, eleito duas vezes o melhor do mundo, utilizado apenas por alguns minutos.
– Também quis dar ritmo a quem estava de fora – argumenta Fábio.
Nesta quinta-feira, ocorrem as semifinais. Às 16h, o Brasil enfrenta a China, na reedição da final de Pequim 2008, quando a seleção conquistou o ouro na casa do adversário. O time asiático está invicto. Nesta terça, empatou com a Argentina em 0 a 0. Como as duas equipes ficaram empatadas nos critérios, a disputa pelo primeiro lugar da chave foi para os pênaltis, com os sul-americanos levando a melhor e escapando do Brasil.
– Vai ser um jogo de detalhe – prevê o treinador.
Além de dedicação, estrutura e trabalho, a nossa seleção também conta com jogadores talentosos. Ricardinho, o camisa 10, forma uma dupla infernal com o baiano Jefinho. A bola no pé deles parece grudar. E os chutes são tão precisos que, às vezes, podemos esquecer que eles não enxergam.
Os dois já foram ouro em Pequim 2008 e Londres 2012. Agora, querem comemorar junto ao torcedor.
– É a competição das nossas carreiras, é uma oportunidade única disputar uma Paraolimpíada em casa. Estamos muito focados, queremos fazer história – enfatiza Ricardinho.
Na outra semi, também na quinta-feira, enfrentam-se Argentina e Irã. Os hermanos são outra força do futebol de cinco – foram semifinalistas nos três Jogos Paraolímpicos (prata em 2004, bronze em 2008 e quarto lugar em 2012).
A expectativa por mais um ouro do Brasil é grande, mas o nosso treinador lembra:
– Todo mundo quer ganhar do Brasil.
O esporte
Praticado por atletas cegos (apenas o goleiro enxerga), o futebol de cinco é jogado em uma quadra com dimensões semelhantes à de futsal, com algumas adaptações de regras, como o fato da bola (que tem guizos no seu interior) não sair pela linha lateral. A partida tem dois tempos de 25 minutos (cronometrados).
Os times
Formados por cinco jogadores: um goleiro, que tem visão total, e quatro na linha, totalmente cegos e que usam uma venda nos olhos para deixá-los todos em iguais condições, já que alguns atletas têm um resíduo visual (vulto) que dão, nesta modalidade, alguma vantagem.
O guia
Há ainda um guia, o chamador, que fica atrás do gol adversário orientando o ataque de seu time, dando a seus atletas a direção da meta, a quantidade de marcadores, a posição da defesa adversária, as possibilidades de jogada e demais informações úteis.
É o chamador que bate nas traves, normalmente com uma base de metal, quando vai ser cobrada uma falta, um pênalti ou um tiro livre. Contudo, ele não pode falar em qualquer ponto da quadra, somente quando seu atleta estiver no terço de ataque.
*ZHESPORTES