O paulista Israel Stroh, 30 anos, fez uma Paraolimpíada surpreendente. Número 12 do mundo na classe 7 do tênis de mesa, ele foi derrubando favoritos um a um até chegar a decisão desta segunda-feira, contra o inglês John Bayley, líder do ranking.
O brasileiro perdeu por 3 sets a 1 (11/9, 5/11, 11/9 e 11/4), mas conquistou a inédita medalha de prata para o país na modalidade (Brasil só havia ganho uma medalha por equipe).
Leia mais:
Balão causa princípio de incêndio em arena da Paraolimpíada
Com a prata nos 100m peito, Daniel Dias fatura quarta medalha nos Jogos Paraolímpicos Rio 2016
Como foi o domingo do Brasil nos Jogos Paraolímpicos Rio 2016
Após a partida, Israel ressaltou seu feito, lembrando que não era candidato a pódio:
– Fui surpreendendo rodada a rodada. Consegui mais do que esperavam de mim. A medalha de ouro foi merecida, a de prata também. É uma satisfação enorme.
O paulista nascido em Santos revelou ainda que a atmosfera da final pesou em seu desempenho.
– Senti um pouco a responsabilidade. Acho que fiz um jogo nota 6 ou 5,5 – comentou.
A decisão disputada no Riocentro começou equilibrada. A todo o momento, Israel passava a mão na mesa, como se quisesse senti-la. Quando marcava um ponto, urrava. Mesmo começando bem, o brasileiro foi superado pelo inglês no primeiro set por 11 a 9.
No segundo, Israel foi muito superior e fechou em 11/5. O terceiro acabou sendo o decisivo. Apoiado por uma torcida barulhenta, instalada bem perto da quadra, Bayley venceu novamente por 11/9. Ali, o brasileiro parece ter sofrido um baque emocional.
No quarto set, o número 1 do mundo venceu com facilidade: 11 a 4. Para comemorar, o britânico subiu na mesa. Israel deixou a quadra aplaudido e teve o nome gritado pela torcida.
O primeiro brasileiro medalhista individual no tênis de mesa teve uma paralisia cerebral causada por falta de oxigênio em seu parto, o que provoca limitação no movimento de braços e pernas. Na juventude, praticou tênis de mesa. Aos poucos, deixou de lado para se dedicar à faculdade de Jornalismo.
Israel se descobriu deficiente quando, ao procurar trabalho, o empregador o classificou em uma vaga por cota. Aos 24 anos, foi convencido a entrar no esporte paraolímpico.
Optou pelo tênis de mesa, que já tinha conhecimento. Desde então, não parou de evoluir. Até esta segunda-feira, quando subiu no segundo lugar mais alto do pódio nos Jogos do Rio.