Não teve a casa cheia, fato perceptível pelos espaços vazios no Maracanã. Nem o impacto da abertura. Mas foi simples, bonita. A cerimônia de encerramento da 31ª Olimpíada, a Rio-2016, cumpriu sua função na noite fria e chuvosa da Cidade Maravilhosa com muita brasilidade, convidando três bilhões de espectadores pela TV a um novo encontro daqui a quatro anos, em Tóquio-2020.
Assim como na abertura, canções de diversas épocas pontuaram o roteiro, que adotou o tema da diversidade como emblema. Assim, Luiz Gonzaga se misturou com Heitor Villa-Lobos. O DJ norueguês Kygo, que bateu 1 bilhão de reproduções no Spotify, conviveu sem estresse com o frevo e o xaxado da comadre Sebastiana. Lenine, Carmem Miranda e Arnaldo Antunes pareceram irmãos siameses sob esta ótica.
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Aí, no embalo da simplicidade, um ponto bonito da festa. À medida que iam entrando no palco do gramado e se acomodando em cadeiras na pista, os atletas (muitos de capa plástica, para não se molhar) caíam no forró ao som de zabumba, sanfona e triângulo. A maioria totalmente sem jeito, especialmente americanos e nórdicos, mas compensando tudo na animação. A julgar pelo número de selfies e vídeos que fizeram, devem ter adorado.
Usain Bolt foi mais cedo para a Jamaica, mas postou foto no seu instagram com a bandeira do Brasil no momento em que a cerimônia começou. Alguns vídeos bem animados dele em baladas cariocas também viralizaram, assim como fotos de uma noite com uma estudante carioca, mas voltemos à cerimônia de encerramento dos Jogos.
O primeiro a fazer o Maracanã cantar foi Martinho da Vila, interpretando Carinhoso, de Pixinguinha e João de Barro. E, logo em seguida, Pastorinhas, de Noel Rosa. Depois vieram outros, em um show criado por Rosa Magalhães, conhecida pelos enredos vencedores de escola de samba do carnaval carioca. A parte final coube ao Japão. Foi um aperitivo de como será em Tóquio-2020, colocando no mesmo caldeirão olímpico tradições milenares, tecnologia ultramoderna e obsessão pela energia limpa.
Os Jogos Olímpicos Rio-2016 terminaram com a melhor participação brasileira em todos os tempos, ouro inédito no futebol, sem zika vírus ou atentados e com aceitável nível de realização, além de belas cerimônias de abertura e encerramento. Nada mau.
Com bem disse o presidente do COI, Thomas Bach – antes de a festa terminar em um grande desfile de escola de samba, com direito a carros alegóricos, bateria poderosa e os atletas invadindo o gramado para dançar – bye, bye, Rio.
Até Tóquio.