Com o encerramento dos Jogos Olímpicos, começa nesta segunda no Rio de Janeiro a temporada de caça ao elefante branco. Os organizadores não querem repetir o que se viu em outras sedes ou mesmo em território brasileiro, depois da Copa do Mundo: o surgimento de uma onerosa coleção de arenas, estádios e ginásios desprovidos de qualquer serventia.
No caso do Rio, são 32 instalações esportivas à procura de uma função. Algumas delas são temporárias e serão desmontadas, como a estrutura para o vôlei de praia erguida na praia de Copacabana. Mesmo assim, sobram muito mais espaços de competição do que qualquer cidade do mundo necessita, a menos que tenha uma Olimpíada a realizar.
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Há duas semanas, o Ministério do Esporte e a prefeitura do Rio de Janeiro apresentaram a sua estratégia para transformar os potenciais elefantes brancos em legado olímpico. A base do plano é destinar as instalações para o desenvolvimento do esporte de base e o treinamento de atletas brasileiros de alto nível, criando condições para que o Brasil vá aos próximos Jogos melhor preparado. Assim, depois de uma série de adequações, o Parque Olímpico e o Complexo Esportivo de Deodoro, os dois principais espaços de competição, vão dar origem aos Centros Olímpicos de Treinamento (COT).
– Os Jogos Olímpicos duram 16 dias e os Jogos Paraolímpicos duram 11 dias, mas o fundamental é que esses equipamentos fiquem para o Rio de Janeiro, para o país e para as futuras gerações – disse o ministro do Esporte, Leonardo Picciani.
No Parque Olímpico, há algumas estruturas desmontáveis (o Parque Aquático vai ser desmembrado em três partes, que serão destinadas a diferentes cidades brasileiras, enquanto a Arena do Futuro será reciclada na forma de quatro escolas) e outras concedidas à iniciativa privada (caso da Arena Rio, que sediará eventos e shows). A maioria dos espaços, no entanto, vai ser readequada para se tornar local de treinamento – o anúncio é que isso será viabilizado por meio de convênios entre o Ministério e as respectivas confederações esportivas, que assumiriam encargos da manutenção. Também foram citadas parcerias público-privadas, mas não se sabe ao certo se e como isso vai acontecer.
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Um caso especial no Parque Olímpico é o da Arena 3, usada para taekwondo e esgrima durante os Jogos. A edificação vai virar uma escola municipal integral para mil alunos, com ênfase no esporte (os alunos poderão praticar uma dezena de modalidades).
O outro grande espaço de competições, o Complexo de Deodoro, será dividido em duas áreas. A região onde ocorreram as provas de canoagem slalom e de BMX terá uma nova encarnação como parque público – as instalações esportivas permanecem, podendo ser usada pela comunidade para fins recreativos. Os demais equipamentos e estruturas, que já eram administrados pelo Exército, continuam sob a mesma gestão, mas integrados ao COT.
Outro legado dos Jogos diz respeito a 216 tipos de equipamentos e materiais adquiridos pelo governo para tornar possível o evento, com um custo total de R$ 118,7 milhões. Uma parte disso vai ficar com as Forças Armadas. O restante será distribuído entre prefeituras, governos estaduais e organizações esportivas, depois de realizada uma chamada pública para seleção de interessados. Entre os itens disponíveis estão piscinas e pisos oficiais para badminton, tênis de mesa, handebol, pentatlo moderno, bocha, goalball, boxe, esgrima e rúgbi em cadeira de rodas. Além disso, foram adquiridos materiais esportivos do atletismo, do halterofilismo, do levantamento de peso e do taekwondo. A esperança é que o compartilhamento desses equipamentos utilizados no Rio pelos maiores atletas do mundo possa servir para formar futuros campeões.
PARQUE OLÍMPICO DA BARRA
Arena Rio
Modalidades: ginástica artística, rítmica e de trampolim
Destino: Pertencente à prefeitura, mas concedida à iniciativa privada, será utilizada para eventos culturais e esportivos.
Parque Aquático Maria Lenk
Modalidades: saltos ornamentais, nado sincronizado e polo aquático
Destino: Será transformado em um centro de excelência para esportes aquáticos, integrado ao Centro Olímpico de Treinamento (COT).
Centro Olímpico de Tênis
Modalidades: tênis
Destino: Das 16 quadras, nove serão mantidas, incluindo a principal. Além de receber competições, será local de treinamento, integrado ao COT
Estádio Aquático
Modalidades: natação
Destino: É uma estrutura temporária desmontável. Será desmembrada em três partes. Cada uma delas será reaproveitada em outras metrópoles brasileiras. No pacote, há cobertura metálica, arquibancadas modulares, piscinas olímpicas pré-fabricadas, sistema de filtração, tubulações, sistema de aquecimento, blocos de partida e demais acessórios. Uma parte permanente será usada para acomodar estruturas administrativas e de pesquisa do COT.
Arenas Cariocas 1, 2 e 3
Modalidades: basquete, judô, luta olímpica, taekwondo e esgrima
Destino: As arenas 1 e 2 serão adaptadas para servir de centro de treinamento de diversas modalidades, como boxe, taekwondo, judô, badminton, esgrima, levantamento de peso, tênis de mesa, ginástica rítmica e ginástica de trampolim. Farão parte do COT. A Arena 3 será transformada em escola integral voltada para o esporte, com capacidade para mil alunos.
Arena do Futuro
Modalidades: handebol
Destino: É uma estrutura temporária que será desmontada. Suas várias partes (vigas metálicas, rampas, escadas, paredes e cobertura) serão utilizadas na construção de quatro escolas.
Velódromo
Modalidades: ciclismo
Destino: Vai ser integrado ao COT. A pista de ciclismo será mantida, e a estrutura servirá para treinamento também de outras modalidades.
Hotel, Centro de Mídia e Centro Internacional de Transmissão
Finalidade: hospedagem de mídia credenciada, espaço de trabalho para a imprensa e estrutura destinada às emissoras de TV e rádio
Destino: o hotel vai se transformar em estabelecimento privado, enquanto o centro de mídia e o de transmissão terão nova vida como prédios de escritórios.
CAMPO OLÍMPICO DE GOLFE
Modalidades: golfe
Destino: Vai se transformar em instalação pública, com objetivo de desenvolver o esporte
RIOCENTRO
Modalidades: levantamento de peso, tênis de mesa, badminton e boxe
Destino: continuará como principal centro de exposições e convenções do Rio
COMPLEXO DE DEODORO
Estádio de Canoagem Slalom e Centro Olímpico de BMX
Modalidades: canoagem slalom e ciclismo BMX
Destino: Com 500 mil metros quadrados, as instalações vão se transformar em área de lazer para a população. O curso da canoagem servirá como canal recreativo. A pista de BMX ficará à disposição da população. Também haverá lago para banho, ciclovia, trilhas, churrasqueiras e quadras esportivas.
Arena de Deodoro (Arena da Juventude)
Modalidades: basquetebol e pentatlo moderno (esgrima)
Destino: Fará parte do COT, para treinamento de atletas de alto rendimento, e também servirá à prática esportiva da população.
Estádio de Deodoro e Mountain Bike
Modalidades: mountain bike, rúgbi e pentatlo moderno (hipismo e combinado)
Destino: são instalações temporárias, com previsão de ser desmontadas.
Centro Nacional de Hipismo
Modalidades: hipismo
Destino: Vai sediar competições e estará integrado ao COT.
Centro Nacional de Tiro Esportivo
Modalidades: tiro esportivo
Destino: Será incorporado ao COT.
Centro Aquático do Pentatlo Moderno
Modalidades: Pentatlo Moderno (natação)
Destino: Será incorporado ao COT.
Centro Nacional de Hóquei Sobre Grama
Modalidades: Hóquei sobre grama
Destino: Será incorporado ao COT.
COPACABANA
Estádio de Copacabana
Modalidades: Vôlei de praia
Destino: A estrutura é temporária e será desmontada.
Lagoa Rodrigo de Freitas
Modalidades: remo e canoagem (velocidade)
Destino: A estrutura de acomodações, garagem de barcos e torre de chegada permanece, beneficiando o remo e a canoagem brasileiros.
Marina da Glória
Modalidades: Vela
Destino: As melhorias – como vagas para barcos, reurbanização, polo gastronômico, espaço para eventos e cobertura – são permanentes. A marina se torna uma opção a mais de lazer junto à orla.
ESTÁDIO OLÍMPICO (ENGENHÃO)
Modalidades: atletismo e futebol
Destino: Pertence à prefeitura e permanecerá arrendado ao Botafogo, que jogará no local. Também receberá competições de atletismo.
MARACANÃ
Modalidades: futebol (também palco das cerimônias de encerramento e abertura)
Destino: Administrado por um consórcio liderado pela Odebrecht, continuará a receber grandes eventos e partidas de futebol.
MARACANÃZINHO
Modalidades: vôlei
Destino: reformado, continuará sendo utilizado como ginásio.
SAMBÓDROMO
Modalidades: maratona e tiro com arco
Destino: continua a ser a sede do Carnaval carioca.
VILA DOS ATLETAS
Finalidade: abrigar as delegações
Destino: O conjunto de 31 prédios, ciclovia, área verde e estabelecimentos comerciais vai se transformar em um bairro residencial.
*ZHESPORTES