Atletas são gente como a gente. Eles ficam nervosos, brigam, comemoram, choram, se emocionam. E emocionam. Com ajuda da criatividade da torcida e escolhas certeiras da organização, os Jogos do Rio deixaram um legado de momentos marcantes – e que só um evento tão intercultural quanto uma Olimpíada poderia proporcionar.
Veja uma seleção de alguns dos registros que mais mexeram com os sentimentos de quem assistiu pela televisão ou esteve nas arenas.
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1. Hino nacional por Paulinho da Viola
A Olimpíada começou emocionante. Ao violão, acompanhado por uma orquestra de cordas, o cantor Paulinho da Viola dedilhou o Hino Nacional na cerimônia de abertura da Olimpíada. Além de emocionar os milhares de espectadores no Maracanã, a interpretação foi ovacionada nas redes sociais. No Twitter, o espanhol @Ignaciadepano tuitou: "Até o Hino Nacional brasileiro vira canção de amor na voz de Paulinho da Viola". Para encerrar a cerimônia, a justa homenagem a Vanderlei Cordeiro de Lima – que, em Atenas 2004, teve seu trajeto rumo à medalha de ouro interrompido durante a maratona. Coube a ele acender a pira olímpica dos Jogos do Rio.
2. Apoio ao Time de Refugiados
Dez atletas foram uma das principais atrações da Olimpíada: eles formaram o Time de Refugiados e competiram sob a bandeira olímpica do COI em três modalidades: natação, atletismo e judô. Na cerimônia de abertura, a equipe de atletas do Sudão do Sul, do Congo e da Etiópia foi aplaudida de pé quando entrou no Maracanã e assim seguiu sendo ovacionada durante as competições.
3. Depois do ouro, Rafaela Silva corre para o abraço da torcida
A primeira medalha de ouro do Brasil nos Jogos do Rio foi conquistada por Rafaela Silva. Em 2012, a judoca foi desclassificada em Londres por usar um golpe irregular, e acabou sendo vítima de uma enxurrada de comentários racistas. Desta vez, a enxurrada foi de lágrimas de felicidade e de abraços de uma torcida orgulhosa.
4. O abraço choroso do neto de Zé Roberto
A imagem de um menino chorando copiosamente no jogo em que a seleção de vôlei feminino da China derrotou a do Brasil, nas quartas de final, comoveu tanto o público que estava nas arquibancadas do Maracanãzinho como o que assistia do sofá. Quando a partida acabou, o guri, que segurava um Chapolin verde-amarelo, foi até a quadra, onde foi envolvido em um abraço emocionado pelo técnico da seleção feminina. Estava ali o avô de Felipe, Zé Roberto. Mesmo abalado, ele consolou neto: "Disse para ele que essa é a vida. Um dia a gente ganha, o outro a gente perde".
5. Após tropeço, corredoras se ajudam a cruzar a linha de chegada
Na metade da prova classificatória dos 5.000m, a americana Abbey D'Agostino tropeçou na neozelandesa Nikki Hamblin, que caiu e viu ficar pelo caminho seu sonho de medalha. No entanto, D'Agostino ajudou a atleta a se levantar e ambas foram juntas até a linha de chegada. O gesto, exemplo do que prega o espírito olímpico, foi reconhecido pela organização dos Jogos e ambas foram premiadas com uma vaga na final.
6. Com sangramento, vencedora do ciclismo é abraçada pelo filho
Favorita da prova de ciclismo de estrada, a americana Kristin Armstrong, de 43 anos, passou pela linha de chegada e perguntou para quem estava próximo: "Eu venci?". Após saber que sim, a atleta, que passou por diversas cirurgias nos últimos anos, sentou-se no chão com o nariz sangrando e foi atendida por médicos. Porém, o momento de maior emoção aconteceu quando seu filho de 5 anos, Lucas, se aproximou e deu um caloroso abraço na mãe, que ainda recebia os primeiros socorros.
7. O adeus precoce do número 1 do tênis
Muitos tenistas desdenham os Jogos. Preferem se dedicar ao milionário circuito da ATP. Novak Djokovic, não. Veio ao Brasil, onde diz que se sente em casa, para ganhar o primeiro ouro olímpico. Mas o sérvio acabou eliminado logo na primeira rodada pelo argentino Del Potro. O choro após o tchau precoce foi de cortar o coração. Mas se sua passagem foi relâmpago, seu clarão iluminou os Jogos. Por um motivo: ele mostrou que nem sempre se trata de ganhar ou perder. Há algo além: o esporte, cujo oráculo é montado de quatro em quatro anos, a cada Olimpíada.
8. O choro de alegria (e de redenção) de Diego Hypolito
Diego Hypolito chorou no primeiro dia da Olimpíada do Rio como há muito não chorava. Dessa vez, não foi um choro de decepção, como nas duas últimas Olimpíadas, quando tropeçou nos nervos em suas apresentações e caiu inapelavelmente diante de si e das esperanças brasileiras. O ginasta estava classificado à final. Uma semana depois, celebrou um dia histórico para a ginástica artística brasileira: Diego foi prata e Arthur ficou com o bronze na final do solo.
9. Bruno abraça o pai após levar o ouro junto com Alison no vôlei de praia
Na primeira entrevista que deu após conquistar o topo do pódio no vôlei de praia ao lado de Alison, Bruno Schmidt disse que estava cansado e agradeceu ao seu pai: "Estou exausto, mas estou aqui. Tenho que agradecer ao meu pai. Quase parei de jogar três vezes, mas ele não deixou". O agradecimento foi recíproco. O abraço de ambos foi emocionante após a vitória.
10. Jogadora de rúgbi é pedida em casamento
Durante a entrega das medalhas no pódio do rúgbi sevens feminino, os holofotes não foram para o pódio. Próximo às arquibancadas, a jogadora da seleção brasileira – que assistia à cerimônia – Isadora Cerullo, a Izzy, foi pedida em casamento pela voluntária dos Jogos Marjorie Enya. O sim foi dado aos beijos, com as companheiras de equipe e os torcedores nas arquibancadas aplaudindo de pé.
11. A primeira medalha olímpica de Fiji
A seleção de rúgbi sevens da pequena ilha de Fiji não só venceu, a Grã-Bretanha, inventora do esporte, na final dos Jogos Olímpicos do Rio por 43 a 7. A equipe da Oceania conquistou a primeira medalha olímpica da história do país, exatamente na edição em que o rúgbi retornou aos Jogo,s após 92 anos de ausência. E, logo no primeiro pódio, subiu no lugar mais alto.
12. Após se despedir com derrota, Formiga apela: "Não desistam de nós"
Depois da derrota para o Canadá, deixando escapar a medalha de bronze, a meia Formiga, 38 anos, confirmou sua aposentadoria da seleção brasileira. Ainda na beira do gramado do Itaquerão, a veterana – única jogadora de futebol do mundo a ter participado de cinco Olimpíadas – aproveitou para fazer um emocionado apelo: "Não desistam de nós, porque nós não vamos desistir".