Se Isaquias Queiroz foi quase um Vanderlei Cordeiro de Lima para vencer a prata, terá de incorporar Usain Bolt para voltar ao pódio. Vice-campeão na canoa individual de 1000m, modalidade de distância mais longa do programa olímpico, o baiano garantiu vaga na final da prova mais rápida da canoagem velocidade, a de 200m.
O lugar na decisão da manhã desta quinta-feira foi assegurado com excelente desempenho. Depois de sofrer na largada da bateria classificatória e se recuperar para terminar em segundo, Isaquias mostrou força na semifinal. Manteve-se sempre entre os primeiros e, nos metros finais, abriu distância. Classificou-se com o melhor tempo entre todos os finalistas.
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A prova de 200m não estava no horizonte de Isaquias até o ano passado. No Mundial, o técnico Jesus Morlán decidiu escalar o pupilo para essa distância, já que o Brasil ainda não tinha vaga para a disputa olímpica. A ideia era usar o prodígio para confirmar um lugar para o país, e escalar outro canoísta nos Jogos. Só que Isaquias foi além de se classificar e ficou com o bronze. Abriu-se a possibilidade de lutar por mais uma medalha olímpica.
Desde então, iniciou-se o trabalho para aprimorar seu desempenho na prova curta. A principal dificuldade, a exemplo de Bolt, é a largada. Acostumado às longas distâncias que minimizam o impacto do início de prova, Isaquias tem trabalhado para não deixar os adversários abrirem vantagem.
Trabalha tanto que não tem folga nem no dia de sua mais importante conquista. Na terça-feira, depois de vencer a prata pela manhã, recebeu o recado de Morlán:
– Esquece a medalha. Tem de pensar como se a competição não tenha começado.
À tarde, Isaquias estava treinando, buscando aprimorar o início de prova. O resultado se viu na semifinal, em que não deixou os rivais dispararem e, nos últimos metros, mostrou resistência enquanto os adversários não conseguiram manter o ritmo. O treinamento e foco para a competição seguinte o impediram de "sentir" a medalha já conquistada:
– Me perguntaram ontem (terça-feira) como eu estava me sentindo como medalhista olímpico. Eu não senti nada. Estou esperando ainda pra ver como é a sensação (risos).
Como se vê, Isaquias obedeceu bem à ordem do chefe de esquecer o resultado histórico de terça-feira. Só na hora de dormir, na noite de terça, deu algum sinal de que havia realizado o sonho.
– Dormi com a medalha na cama. Agora ela tá guardadinha, esperando a companheira – brincou.
*ZHESPORTES