Há quem diga que, para ser goleiro de futebol, é preciso uma boa dose de loucura. Ao que tudo indica, a regra vale também para o polo aquático. No jogo que encerrou a campanha da seleção masculina na primeira fase da Olimpíada, um goleiro dos mais excêntricos foi a barreira que impediu que o Brasil chegasse à vitória.
As defesas de Viktor Nagy, acompanhadas das provocações aos jogadores e torcedores adversários, roubaram a cena na vitória da Hungria por 10 a 6. Com a derrota, o Brasil termina em terceiro lugar no grupo e vai enfrentar a Croácia na terça-feira em busca de uma vaga nas semifinais.
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Um público animado e quase tão numeroso quanto o das finais de natação tomou conta do Estádio Aquático Olímpico para acompanhar a partida. Não faltou animação antes da partida iniciar. A torcida deu ambiente de decisão a um jogo que, para o Brasil, tinha o peso de definir o adversário no mata-mata, já que a vaga nas quartas de final já estava assegurada.
Após muita disputa por espaço nos primeiros movimentos do jogo, o capitão húngaro Denes Varga recebeu livre e abriu o placar para os visitantes, faltando 4min46s para o fim do primeiro quarto. O Brasil tentou pressionar, mas Nagy fez pelo menos duas boas defesas para impedir o empate. Cada vez que impedia um gol, esbravejava na direção de quem ousara arremessar contra sua meta. Com pouco menos de três minutos para o fim do período, a Hungria ampliou com Robert Hosnyanszky e, pouco antes do fim do período, fez o terceiro com Marton Vamos.
No segundo quarto, a vantagem húngara foi ampliada por Balasz Harai, que fez o quarto logo depois que o melhor jogador brasileiro, Felipe Perrone, acertou o travessão. Gergo Zalanki ainda fez o quinto gol e, aos poucos, a animada torcida brasileira foi silenciando. De pênalti, Gustavo Guimarães diminuiu para 5 a 1 e reacendeu a arquibancada. Em meio à tentativa de reação, com a torcida fazendo barulho, Nagy fez mais uma defesa e, com a bola na mão, levou o indicador à boca para pedir silêncio. Foi o suficiente para que virasse alvo de vaias dali em diante.
A hostilidade direcionada ao goleiro não adiantou muito em um primeiro momento. A Hungria seguia dominando e fez o sexto gol no terceiro quarto, mais um de Hosnyanszky. Mas o craque brasileiro resolveu responder. Perrone marcou o segundo do Brasil, viu o húngaro Vamos fazer o sétimo, e marcou mais uma vez para diminuir para 7 a 3. Sem tantos motivos para comemorar, Nagy já não provocava tanto, a torcida voltou para o jogo e Jonas Crivella fez o quarto. A reação, porém, foi brecada por mais um gol de Balasz Harai.
As chances brasileiras tornaram-se ainda menores quando Gabor Kis fez o nono gol húngaro logo no início do último período. Nagy seguiu provocando a cada intervenção, e o jogo esfriou, dentro da piscina e nas arquibancadas. Bernardo Gomes ainda fez o quinto e o sexto gols brasileiros, e Manhercz o décimo húngaro. A missão brasileira tornara-se difícil demais. Que na terça-feira encontremos um goleiro menos inspirado e, se possível, menos louco do que Viktor Nagy.