– Não vaiem, não vaiem!
Já falo de Simone Biles, a inacreditável. O ponto alto das brasileiras, últimas colocadas na final geral por equipes da ginástica feminina, não foi em nenhum aparelho, mas em uma nota ruim de Rebeca Andrade. A torcida julgou que ela tinha arrasado no solo, mas uma quase queda no último salto a condenou. Rebeca sabia que tinha errado. Então, quando ouviu as vaia do ginásio, após o anúncio dos árbitros, pediu ao público: não vaiem.
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Um bonito gesto da jovem ginasta de 16 anos, que é paulista mas defende o Flamengo, daí a bronca da torcida no ginásio. Medalha moral para o Brasil, portanto. O ouro (184.897 pontos), claro, ficou com as americanas, que lideraram com sobra em todos os quatro aparelhos: salto, solo, trave de equilíbrio e barras assimétricas. Prata e bronze para Rússia (176.688) e China (176.003). Quando a torcida dos EUA gritavam o tradicional USA, a brasileira retrucava. Mas só de implicância mesmo.
Não foi de todo mau. Não havia chance de pódio para o Brasil, apesar do quinto o lugar na classificatória. Menos ainda com Simone Biles do outro lado. A norte-americana, dizem os especialistas, desbancará a romena Nádia Comaneci, ícone da modalidade desde Montreal-1976, quando tirou a primeira nota 10 da história. É possível que seja isso mesmo. Porque ela corre numa velocidade ímpar, voa como pássaro e tem muito força do que suas adversárias. Ao final da sua apresentação no solo, maior nota do dia (foi aplaudida de pé.
Quase não erra, em todos os aparelhos. E, quando erra, é porque partiu de um nível de dificuldade muito alto, o que lhe garante pontuação alta mesmo assim. Para se ter ideia de como Simone Biles é candidata a personagem dos Jogos, basta dizer que a final por equipe no feminino - ao contrário do masculino - foi considerado evento "high demand" pelo COI, exigindo um número restrito de ingressos de mídia. Todos queriam ver a americana genial.
Já o Brasil foi abaixo do esperado em todos os aparelhos. Chegou a ser lanterna no solo, ficando em oitavo lugar. No salto, sexto. Na trave, penúltimo. Daniele Hypólito fechou mal sua participação na Rio-2016. Nem na trave, uma de suas especialidades, foi bem. Desequilibrou-se várias vezes. Não pediu desculpas, como tinha feito na classificatória.
Restam as finais individuais para as meninas do Brasil. Rebeca Andrade, a que nos deu a medalha de ouro em educação, classificou-se para a disputa do individual geral em quarto lugar. Terá de mandar bem em todos os aparelhos. Flávia Saraiva, a Flavinha, 16 anos, assim como Rebeca, também está nessa. Por fim, Flávia ainda tentará medalha na trave. Lutarão bravamente por prata e bronze, e olhe lá. Porque o ouro, como ginasta mais completa, só sai do peito de Simone Biles se ela errar muito. .