Com discurso firme e ao mesmo tempo sereno, Fernando Prass foi o responsável por abrir as entrevistas coletivas da Seleção Brasileira nesta segunda-feira, quando o grupo que disputará a Olimpíada se apresentou na Granja Comary, em Teresópolis, no Rio de Janeiro. Aos 38 anos, o goleiro é o jogador mais experiente de um grupo formado em sua ampla maioria por jogadores com menos de 23 anos. Até por isso, o camisa 1 desde já assumiu seu papel de líder.
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No entanto, Prass disse não se importar em ser o capitão canarinho. Dono da braçadeira do Palmeiras, ele afirmou que este posto é apenas formal:
– Não me passa pela cabeça ser ou não ser. Sempre falei isso. Capitão é mera formalidade para assinar a súmula e representar o time no sorteio e perante o árbitro. Ele não tem função a mais por ter a faixa. E nada proíbe o cara que está sem a faixa de ter as mesmas responsabilidades que o capitão. Para mim é só uma simbologia – declarou o goleiro.
Convocado pela primeira vez pela Seleção, o jogador comparou a oportunidade tardia ao nascimento de um filho. Ele também analisou o papel de um veterano em meio a um elenco de garotos.
– Tem jovens com 21, 23 anos que têm vivencia grande, até comparada com jogadores mais velhos, até por conta das experiências que passa, dificuldades que vive. É óbvio que o goleiro tem particularidades, por ter uma longevidade maior, até porque começa a jogar mais tarde. Demora a ter provações, passar por situações que meninos como Neymar, Gabriel Jesus e Gabriel, por exemplo, passam muito mais cedo. Até por isso talvez o ápice da carreira seja mais tardio. Falo de mim, uma situação rara, aos 38 anos. Trabalhei para isso, me preparei para isso. Se cheguei, é porque tinha que acontecer, não foi por acaso. O que tenho a agregar é o que todo jogador tem. Tem que filtrar as coisas positivas de cada um e transformar no menor espaço de tempo possível esses jogadores em um grupo. Normalmente os mais velhos tem mais experiências e conseguem ajudar em coisas que já vivenciou – opinou.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista coletiva do goleiro:
PRIMEIRA CONVOCAÇÃO
Comparo com um casal que está tentando ter filhos desde sempre, tenta, tenta... não consegue. Aí desencana e depois consegue. Isso trás até mais felicidade. Foi uma felicidade muito grande para mim. Se jogasse até os 44 anos, sempre sonharia com a Seleção. É óbvio que a cada ano que passa a chance diminui, não podemos ser hipócritas. Assim como tem dificuldades, tem coisas que vão agregando com o tempo e colaboraram para eu estar aqui na análise da comissão. É uma chance maravilhosa. Copa do Mundo já teve duas vezes no Brasil, Olimpíada, não. Pressão é enorme, mas se tivesse sido campeão olímpico ainda teria pressão. Eu não encaro como pressão, mas como uma oportunidade, não só pela Olimpíada ser no Brasil, mas pelo grupo que se montou, que é de muita qualidade. Muitas vezes as coisas não acontecem na prática, mas analisando friamente, tenho uma expectativa muito grande.
CONVERSA COM MICALE E LIDERANÇA
Ele me ligou para se apresentar, comentou da experiência, liderança e da questão técnica. Não é uma coisa que tenho obrigação (de liderar), é algo que vai acontecer naturalmente. Um menino de 20 anos pode liderar, acontece naturalmente. Acontece dentro da característica de cada um. Às vezes achamos que o líder é o que fala ou gesticula mais, mas não é, já estive em vestiários em que o líder era o que menos aparecia.
GRANJA COMARY
Já estive em vários lugares com estrutura boa e em vários lugares precários. Aqui o que tem é o que o atleta precisa, conforto, estrutura para tratamento, convivência... Não tem o que falar.
PRESSÃO NO BRASIL
Estar jogando em casa, diante da torcida, não é peso, pelo contrário. No meu clube, prefiro mil vezes jogar no Allianz do que na casa do adversário. A torcida é estimulante, não é peso, é um diferencial que temos que usar a nosso favor. Esse diferencial quem vai criar é a gente, com entrega dentro de campo, com a Olimpíada dentro de casa podemos trazer a torcida com a gente.
7 A 1 REFLETE NA OLIMPÍADA?
É óbvio que o Brasileiro é apaixonado por futebol. Qualquer desempenho abaixo da Seleção gera uma frustração. Mas tem um componente a mais, que é a situação que o país vive. Como o Brasil é o país do futebol, a realidade do país é refletida. Isso torna a Seleção um alvo mais visto. Acho que as coisas estão caminhando. Senti um apoio grande em relação a essa nova etapa da Seleção. Mesmo no jogo contra o Inter, quando estava saindo de campo, teve muitos colorados me dando apoio.
*LANCEPRESS