Falta menos de cem dias para recebermos a maior competição esportiva do planeta, em uma preparação nunca vista. Resultado do empenho de abnegados, apaixonados e sonhadores em assistir aos melhores atletas do mundo de tão pertinho. Ficaremos na expectativa de saber o que astros e dirigentes acharão do nosso país, das nossas estruturas esportivas, se a organização estará a altura de outras edições vitoriosas e bem estruturadas de Jogos Olímpicos.
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Sabemos da nossa capacidade e de nossas deficiências, da luta diária por empregos e infraestrutura mínima da educação, saúde. Enfim, um quadro que nos deixa profundamente preocupados com mandos e desmandos e descasos. Existe uma pergunta no ar há bastante tempo: teremos capacidade de gerenciar uma competição deste tamanho? Desta grandeza? Estive em cinco olimpíadas, e todas tiveram muitos problemas: trânsito em uma, passeatas em outra, poluição no ar, nas águas, terrorismo, invasões, falta de público pelo ingresso mais caro, uma série de pequenos e grandes problemas.
Vejo em alguns debates esportivos grande preocupação na quantidade de medalhas e no desempenho dos nossos atletas. Esse não é o caminho que deveríamos seguir. Não temos ainda uma cultura esportiva que nos permite alcançar destaque neste universo de ficar entre os que ganham mais medalhas, ou quebrar novos recordes olímpicos e mundiais, mesmo que nos últimos anos nossas seleções tenham obtido resultados internacionais muito bons e conquistado campeonatos de grande expressão. Ainda nos falta um pouco mais.
Sim, estamos dando um passo gigante no esporte nacional, saindo da tradicional construção de elefantes brancos de 20 mil pessoas – arquibancada fria e dura, iluminação lamentável, banheiros horríveis – para a organização de uma Copa do Mundo e de uma Olimpíada. Sem entrar no mérito politico, o Brasil foi elogiado por outros países quanto à gestão dos estádios na Copa.
Não estou discutindo e tão pouco levantando a continuidade e o local destes estádios, mas, sim, a gestão dos brasileiros durante a Copa. O fantasma de que não teríamos capacidade de fazer competições deste tamanho caiu por terra. Sim, nós temos vôlei, judô, ginástica, atletismo, natação... E teremos ginásios climatizados, pistas maravilhosas, centros de excelência e capacitações, investimentos em equipamentos científicos.
Claro que estamos preocupados com a poluição, violência e até com o mosquito Aedes aegypti, mas não deveríamos estar preocupados também com nossos professores de Educação Física e este legado da cultura esportiva para nossos jovens? Tenho certeza de que o Comitê Olímpico do Brasil (COB), bem aparelhado e com uma equipe muito competente, está analisando cada detalhe do antes e depois da Olimpíada.
Não deveríamos estar muito preocupados com o quadro de medalhas. Vamos torcer, vibrar e vestir a camisa com o coração. Podem ter certeza de que estaremos muito bem representados por brasileiros que nos orgulharão em cantar o hino do nosso país, de peito aberto e de alma lavada. Faremos, com certeza, uma linda Olimpíada. Saudações olímpicas!
*ZHESPORTES
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Paulão: o melhor quadro possível
Paulão
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