Acusada de "doping organizado", a Rússia foi suspensa de forma provisória pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF), e corre risco de ficar fora das provas da modalidade nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto do ano que vem.
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Sem surpresas, a entidade seguiu as recomendações da Agência Mundial Antidoping (Wada), que recomendou banir o país do esporte depois de soltar na segunda-feira um relatório bombástico, no qual denunciou um esquema sem precedentes, que envolveria até membros do maior escalão do Estado.
- Hoje, estamos lidando com o fracasso da Federação Russa de Atletismo (ARAF), e tomamos a decisão de suspendê-la de forma provisória, a maior sanção que podemos aplicar neste momento - afirmou o presidente da IAAF, Sebastian Coe.
- Atletas e membros de comissão técnica da Rússia não podem participar de competições internacionais, incluindo os Jogos Olímpicos - confirmou a federação internacional.
- Concordamos que o sistema todo (de luta antidoping) fracassou, não apenas na Rússia, mas no mundo todo. Foi um sinal de alerta vergonhoso e queremos deixar claro que a trapaça não será tolerada, em nenhum nível - completou o dirigente.
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Mikhail Butov, membro do Conselho da IAAF e secretário-geral da ARAF, apresentou a defesa da Rússia antes da decisão ser tomada, mas a suspensão foi aprovada por 22 votos contra 1.
Equipe de inspeção IAAF explicou que, para poder voltar a competir, a ARAF terá que "preencher uma série de critérios".
- Uma equipe de inspeção independente, que será liderada pelo especialista antidoping norueguês Rune Andersen, e ainda contará com três membros do Conselho da IAAF, será nomeada nos próximos dias - completou a entidade.
Pouco antes da reunião, o ministro da Rússia, Vitali Mutko, tinha prometido que a Rússia estava disposta "aceitar qualquer medida" da IAAF para evitar ser banida do esporte.
- Estamos dispostos a cooperar (com a IAAF) para que o nosso atletismo esteja dentro das normas que estão sendo pedidas. Mas vamos fazer isso juntos. Podemos aceitar qualquer medida - tinha afirmado o ministro.
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Mutko não foi o único a não ser ouvido pela IAAF. Maior estrela do atletismo russo, Yelena Isinbayeva, recordista mundial do salto com vara (5,06 m), lançou nesta sexta-feira um apelo para que a IAAF não suspenda o país como um todo.
- A situação em torno da equipe russa de atletismo é triste. Mas quero fazer um pedido: não reduzam todos os atletas ao mesmo nível - afirmou a Czarina, que espera competir no Rio no ano que vem, para encerrar a carreira com o tricampeonato olímpico, depois das medalhas de ouro de Atenas 2004 e Pequim 2008.
*AFP