O gaúcho Carlos Nunes, presidente da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), está em meio a um turbilhão após a publicação de uma reportagem do portal Uol que mostra despesas de viagens e jantares dele e de sua mulher debitadas nas contas da entidade.
A matéria afirma que o caso está nos tribunais, onde a Eletrobras, ex-patrocinadora da CBB, cobra R$ 4 milhões por supostas irregularidades desde o início do mandato de Nunes, em 2009. Entre as despesas que teriam sido pagas pela CBB, estão jantares de luxo em Paris e viagens a Cancún e Natal para a mulher do dirigente. A reportagem também menciona uma troca de e-mails entre a entidade e o presidente da Federação Gaúcha, Gilson Kroeff, que pede a reserva de um quarto duplo para acomodar sua esposa em uma viagem. Na conversa, Kroeff garante que irá ressarcir a Confederação, mas Nunes nega e instrui sua secretária a pagar as despesas da mulher de Kroeff.
Na tarde de quarta-feira, a CBB publicou nota criticando o suposto caráter sensacionalista da reportagem e garantindo que não houve malversação de recursos públicos no caso. A entidade ainda garante que o processo movido pela Eletrobras não se refere às despesas citadas na reportagem do Uol.
Por telefone, Nunes atendeu a reportagem de ZH e reiterou que a entidade foi totalmente ressarcida dos gastos. Confira a conversa:
Como o senhor recebeu as denúncias?
Nós enviamos uma nota explicativa a vocês. Vocês não receberam?
Recebemos, mas a nota não explica se, de fato, as viagens e despesas mencionadas ocorreram e se foram arcadas pela CBB.
Foram, ocorreram, mas foram ressarcidas. A CBB foi ressarcida. Não usamos dinheiro público, nem nada. Está bem explícito na nota que nós mandamos.
O senhor tem comprovação de que a CBB foi ressarcida?
Isto está na contabilidade.
O ressarcimento ocorreu após uma rejeição das contas, ou de imediato foi feito o ressarcimento da CBB?
Foram ressarcidas em tempo hábil. Isso é aprovado em Assembleia Geral, foi referendado, e também dentro de nossa auditoria, que temos uma auditoria independente.
Mas a CBB, em um primeiro momento, apresentou as contas incluindo o jantar e as viagens, e aí elas foram reprovadas? Ou o ressarcimento foi feito de imediato?Houve o ressarcimento. Podes fazer melhor que é ligar para o nosso departamento financeiro e eles podem dar uma explicação melhor. Eu não mexo com o setor financeiro. Eles fazem as prestações de contas. Podes contatar eles sem problemas.
O senhor comumente utilizava o cartão corporativo da CBB para contas pessoais?
Não, aquilo foi um engano, porque eu também tenho um cartão da mesma bandeira e ali foi uma troca de cartão que não tínhamos observado. Como a senha era a mesma...
E as viagens que foram pagas através da agência da CBB e na conta da presidência?
Mas veja bem: eu estava a trabalho, não a passeio.
Mas há também as viagens de sua esposa, não?
Sim, isso foi ressarcido.
Mas ela foi paga, em um primeiro momento, com a conta da CBB. Desde o início, já se sabia que o senhor ia ressarcir este valor?
Quando se deu o engano, que a gente viu, trouxemos e ressarcimos.
No caso da viagem do presidente da Federação Gaúcha, o senhor instrui, em uma troca de e-mails, que a mulher dele teria as despesas pagas pela CBB.
Depois eu acertaria com o presidente. Isto é normal. Os presidentes sempre viajaram para eventos no Exterior, como uma Copa América ou outras competições. Sempre convidamos um presidente para acompanhar, ver como é organizado. Isto acontece desde que a CBB existe. Agora, quanto à esposa, se a gente paga, depois se ressarce. No caso dele, ele mesmo pagou. Direto.
Mas na troca de e-mails, ele se oferece para pagar a viagem da esposa e o senhor nega, dizendo que a CBB pagaria.
Mas depois ele pagou.
Mas o senhor acharia normal a CBB pagar a viagem para a mulher dele?
Para depois ser ressarcida mais adiante. O que foi feito.
Foi feito eventualmente, mas na troca de e-mails o senhor diz que não é necessário o ressarcimento.
Sim, mas tem outros e-mails. Se tem este e-mail, também tem os outros de quando a gente acertou. Não sei como este e-mail pode ter saído. Mas e os outros, onde eu esclarecia tudo? Por que não saíram?
Mas naquele momento o senhor achou correto que a CBB pagasse as despesas da mulher dele?
Não. Fizemos como sempre é feito. Combinamos para depois acertar (ressarcir) mais adiante.
* ZH Esportes