Humilde e carismático, um dos precursores do sucesso mundial do voleibol brasileiro já vive o espírito dos Jogos Olímpicos Rio 2016. O gaúcho Paulão, ex-jogador da seleção brasileira de vôlei e técnico do Bento Vôlei, realizou um bate-papo na tarde desta quarta-feira com os funcionários da Vonpar pra falar sobre Olimpíada e atitude vencedora no esporte e na vida.
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A Coca-Cola é uma das patrocinadoras dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Segundo Ricardo Vontobel, presidente da Vonpar/Coca-Cola, a empresa promoveu a palestra de Paulão com o objetivo de colocar a equipe de colaborados no "espírito olímpico".
Foto: Tadeu Vilani/Agência RBS
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Durante o bate-papo, ao lado de Márcia Peixoto, coordenadora de comunicação da Coca-Cola Brasil, Paulão apresentou à equipe a medalha que conquistou nos Jogos de Barcelona em 1992 e também uma réplica da tocha olímpica dos jogos de Atenas 2004.
Foi no voleibol masculino que o Brasil conquistou sua primeira medalha de ouro em um esporte coletivo, em uma Olimpíada. Em Barcelona 1992, o time brasileiro, treinado por Zé Roberto Guimarães, tinha Maurício, Marcelo Negrão, Paulão, Carlão, Tande e Giovane como titulares. Ali iniciou-se a pavimentação de um caminho que ainda nos daria o bicampeonato Olímpico em Atenas (2004), além de nove títulos de Liga Mundial.
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Imagem: Tadeu Vilani/Agência RBS
Antes da conversa com os funcionários da Coca-Cola, Paulão atendeu a reportagem da Zero Hora e contou suas expectativas para o voleibol no Jogos do Rio em 2016.
A medalha olímpica Jogos de Barcelona em 1992, foi a 1ª medalha de ouro em esportes coletivos do Brasil em Olimpíada. O que mudou de lá pra cá? Essa medalha causou impacto?
Sim, a mudança foi bem grande. Nós não tínhamos aquela certeza que podíamos alcançar conquistas tão fortes nos esportes coletivos, e o voleibol mostrou que a gente podia alcançar e ganhar de uma Itália, de uma Rússia e de uma Cuba. Então, a gente começo a acreditar realmente no esporte nacional. O nosso time era um bando de moleque, ninguém nos conhecia e de repente a gente estava conquistando o mundo e uma medalha de ouro em uma Olimpíada.
Depois das decepções nos Jogos Pan-Americanos em Toronto, no Mundial e no Grand Prix, você acredita que a Seleção Brasileira (masculina e feminina) pode ficar sem medalhas nos Jogos Rio 2016?
O esporte não é uma coisa matemática. Então a gente tem uma condição de ter muita da mídia, da torcida, dos patrocinadores e todo essa planejamento de que temos que ter o maior número de medalhas. Isso sim, pode ser um agravante bem sério. Mas existe também toda uma preparação para isso. A estrutura, os investimentos e os patrocinadores melhoraram. O Brasil tem muita chance de se superar e eu acredito nisso. Está todo mundo focado e, talvez, essa pressão se transforme até em combustível para os atletas.
Como essa nova geração do vôlei deve lidar com a pressão em uma Olimpíada dentro de casa?
A pressão sempre complica. A pressão é o grande inimigo do atleta. Uns conseguem trabalhar melhor a pressão, a exigência e tudo mais. Mas treinam e se preparam para isso. A estrutura que o Comitê Olímpico e as Confederações estão dando é para, justamente, trabalhar essa pressão. Então, é como eu disse. A gente pode ter uma grande surpresa e essa pressão se transformar em combustível, ou se não essa pressão vai atrapalhar muita gente. A gente vai ver muita choradeira e desculpas. Infelizmente é do esporte.
Essas novas gerações do vôlei precisam ter uma liderança experiente nos times para os Jogos Olímpicos?
Se o cara tem condições técnicas e índices, com certeza. Ele tem que ter a possibilidade e a chance de disputar espaço com os mais novos. Seleção Brasileira não é lugar para experimento. Isso se faz nas seleções de base. Seleção principal, não importa a modalidade, são os melhores independente de idade. Olimpíada não é teste, temos que jogar com os melhores o tempo inteiro.
Nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, Bernadinho e José Roberto Guimarães mesclaram as seleções para a disputa do Mundial e do Grand Prix. O que você acha dessa opção?
Eu não gosto muito disso. Ficar dividindo grupos, um é o time A e o outro é o B. Um é o principal e o outro é o futuro. Não sei, eu não conversei com eles. Não sei a programação que eles fizeram. Mas eu, como torcedor, não gostei. Eu acho que o voleibol perdeu muito, não ganhamos nada. Não ganhamos Pan-Americano, não ganhamos a Liga e não fomos na Copa do Mundo. Eu acho que foi muito mais prejudicial, porque a gente quer que o voleibol esteja no pódio. As experiências foram positivas? Não sei. Mas como torcedor, eu não gostei.
Muitas seleções cresceram e se tornaram competitivas nos últimos ano. Quem pode frustrar o sonho olímpico brasileiro, tanto no masculino quanto no feminino?
França está correndo por fora, ganhou a Liga e tem um grande grupo. A Itália reformulou. A Polônia é uma grande potência. A Argentina está chegando forte e acabou de fazer jogos fortíssimos. Estados Unidos acabou de ser campeão da Copa do Mundo. A Rússia levou um baque muito grande, mas tem o maior plantel de jogadores do mundo. A Holanda está voltando. Então nós não temos mais nenhum bobo no mercado. E o Brasil, que caiu um pouco, mas tem todas as condições de voltar a brigar. Então nós temos cinco ou seis equipes que são favoritas e tudo vai depender do momento e da preparação para a Olimpíada no ano que vem.
Bento Vôlei estreou com vitória sobre o Voleisul na última sexta-feira no Gauchão. Qual é a tua expectativa em relação a temporada, com a Super Liga em outubro?
Eu estou muito feliz de voltar para o voleibol. Eu nunca gostei de ter saído, mas sai e agora voltei muito feliz. Encontrei uma cidade que é espetacular, um povo muito envolvido, super solícitos, envolvidos e que querem o sucesso. Isso me lembrou equipes que eu tive sucesso. Peguei um time experiente, com bons jogadores e que estão muitos dispostos. Nós vamos ter uma entrega muito grande, um envolvimento maior ainda da cidade com a equipe. e a gente vai buscar o nosso melhor o tempo inteiro. E esse melhor pode ser campeão gaúcho, pode campeão da liga e também pode ser que a gente faça um bom campeonato, e não ser campeão.
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Entrevista
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