A delegação brasileira em 2016 pode contar com reforços estrangeiros na luta por medalhas. Pelo menos dez modalidades contam com atletas naturalizados disputando vaga nos Jogos do Rio. O Comitê Olímpico Brasileiro garante que não incentiva a política de naturalização de atletas, mas ajuda as confederações esportivas nos trâmites burocráticos para a mudança de nacionalidade, e o governo facilita abrindo exceção para os atletas que possam "prestar serviços relevantes" ao país.
O caso mais polêmico recentemente foi o de dois jogadores do polo aquático que ganharam a naturalização sem terem qualquer relação com o Brasil após assinatura de contrato com a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos. Josip Vrlic, croata e um dos melhores jogadores do mundo, já estreou pela seleção e ajudou na conquista do bronze no Mundial no último final de semana. Slobodan Soro, goleiro sérvio com duas medalhas olímpicas no currículo, está liberado para jogar e deve estrear em breve. Assim como eles, o lutador Eduard Soghomonyan (foto), da Armênia, também foi naturalizado sem ter ligação com o país, e Marat Garipov, do Cazaquistão, tenta desde 2010 e deve garantir a liberação em breve.
Mas, diferente dos exemplos acima, 21 dos 25 atletas naturalizados que tentam uma vaga na Olimpíada possuem vínculos familiares ou residenciais com o país, como o norte-americano do basquete Larry Taylor, que mora aqui desde 2009 e é casado com uma brasileira, e Stéphane Vehrlé-Smith, do hóquei, nascido no Brasil e adotado por um casal inglês.
A curiosa naturalização de Ivan Trevejo
Por falar em naturalização, aqui vai uma história curiosa. Medalhista olímpico em Atlanta 1996, o cubano Ivan Trevejo, da esgrima, desertou do país em 2002 durante a disputa de um Mundial em Lisboa. Ele morou por dois anos na Espanha e fugiu para a França, onde teve que esperar por dez anos para conseguir os papéis de legalização. Voltou a competir no ano passado e, aos 43 anos, conquistou o ouro na espada nos Jogos Europeus no dia 24 de junho. E mais: o atual técnico de Trevejo, Hugues Obry, foi seu rival na disputa da medalha olímpica por equipes em Atenas, há 15 anos.
*ZHESPORTES