O bombardeio de notícias e confirmações a respeito das falcatruas na Fifa não chega a ser de todo surpreendente. As suspeitas, os boatos e fortes indícios de que havia algo longe da lei e/ou da ética já datam de alguns anos, mas sempre foram rechaçados pela oficialidade, entre outros argumentos, pela capacidade de fazer eventos grandiosos, de primeira qualidade técnica e de exemplar organização. "Padrão Fifa" passou a ser justo sinônimo de competência.
Vivendo em paralelo à grande entidade do futebol, o Comitê Olímpico Internacional também tem lá seu lado obscuro. Curiosamente, o jornalista escocês Andrew Jennings, que em 2011 lançou o livro "Jogo Sujo, o Poder Secreto da Fifa", duas décadas antes já havia escrito o seu "Senhores dos Anéis", desconstruindo muito do romantismo que envolve as Olimpíadas. Infelizmente, ninguém parece ser santo neste contexto, e o que resta aos que realmente amam o esporte é torcer pelos atletas, curtir as disputas e vibrar com as conquistas.
No caso do Brasil, sempre vale se orgulhar da Olimpíada do Rio de Janeiro, como da Copa do Mundo. Os grandes eventos não justificam as maracutaias, mas são maiores do que os escândalos. O olimpismo tem seus valores e, igualmente, um altíssimo nível de organização. O que ocorre nos gabinetes, em luxuosos hotéis ou antros de corrupção precisa ser investigado e desbaratado. É caso para as polícias. Aos desportistas e cidadãos, cabe fiscalizar. Se nada houver, melhor. Coubertain estará menos envergonhado do que Jules Rimet.
*ZHESPORTES