Os Estados Unidos abriram uma investigação federal aos 23 nadadores chineses que testaram positivo no doping em 2021, mas não foram sancionados, um caso que abalou a modalidade em abril, segundo a World Aquatics (WA) nesta sexta-feira (5).
A antiga federação internacional de natação "pode confirmar que seu diretor-executivo, Brent Nowicki, recebeu uma intimação do governo dos EUA. Ele está trabalhando para planejar uma reunião com o governo, o que provavelmente evitará a necessidade de prestar depoimento perante um grande júri", indicou um porta-voz da instituição, ao ser questionado pela AFP.
A WA insistiu que seu presidente seja convocado como "testemunha" uma vez que as investigações "têm como objetivo a Agência Mundial Antidoping" (WADA), centro das críticas por ter escondido os resultados positivos.
Em abril, a WADA protagonizou uma grande polêmica após a divulgação de que 23 nadadores chineses foram pegos pelo doping antes dos Jogos de Tóquio-2020 pela presença da substância trimetazidina, remédio para o coração proibido desde 2014 por seu potencial de melhorar a circulação sanguínea.
Os atletas, alguns dos quais competiram e conquistaram medalhas naquela competição, não foram suspensos ou sancionados visto que a WADA aceitou os argumentos das autoridades chinesas de que os resultados foram produto da contaminação de alimentos em um hotel.
A Agência Mundial Antidoping, com sede em Montreal, rejeitou as acusações de encobrimento lançadas então pela Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA), enquanto a China também negou qualquer irregularidade neste assunto, que explodiu na preparação para os Jogos de Paris-2024.
Na quinta-feira, a WADA se mostrou 'decepcionada" com esta investigação, afirmando não ter "recebido qualquer contato ou qualquer exigência das autoridades judiciais americanas", recordando "as preocupações manifestadas pela comunidade internacional" sobre a "jurisdição criminal extraterritorial" reivindicada pelos Estados Unidos em relação ao doping.
A líder mundial na luta contra o doping insistiu que no caso dos nadadores chineses, agiu "com diligência" e que consultou "especialistas científicos e jurídicos", sem encontrar argumentos para "responder ao cenário de contaminação'.
* AFP