O Gre-Nal deste sábado (22), em Curitiba, será o segundo da história disputado fora do Rio Grande do Sul. O primeiro foi o clássico de número 384 que, além do Estado, passou da fronteira do Brasil com o Uruguai e foi jogado no Estádio Atílio Paiva, de Rivera. Esse confronto aconteceu há 13 anos e teve vitória de virada do Grêmio.
O ano de 2011 marcou a segunda vez que Grêmio e Inter disputaram a Libertadores ao mesmo tempo – a primeira havia sido em 2007. Campeão da torneio continental no ano anterior, o Colorado teve seu calendário de 2010 esticado em razão da disputa do Mundial de Clubes. Por conta disso, o clube optou por iniciar o Gauchão com o time B. A equipe era comandada por Enderson Moreira. Foi esse elenco que representou o Inter no Gre-Nal 384.
O clássico caiu para o Grêmio entre os confrontos com o Liverpool-URU pela pré-Libertadores. Em razão disso, o Tricolor abriu mão de ter seu time titular. Foram a campo os reservas do elenco principal com uma série de garotos. Nem mesmo o técnico Renato Portaluppi viajou a Rivera. Então auxiliar da comissão técnica principal, Roger Machado comandou o time.
Sem as principais estrelas da Dupla, o Estádio Atílio Paiva teve apenas 4.010 pagantes naquele final de tarde de 30 de janeiro de 2011. Presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) à época, Francisco Novelletto lembra que a decisão de mandar o jogo em Rivera partiu de um convite da prefeitura local.
— Lembro que o Inter havia jogado um pouco antes lá e deu uma renda boa. Era um Gre-Nal sem muita coisa valendo e sabia que ambos iriam com times mistos porque tinham jogos importantes ali na frente. Foi feito o convite de prefeitura e, com alguma ajuda, fizemos o jogo lá. O público não foi o esperado, pois não os dois não foram com times titulares — recorda.
O jogo
Mandante, o Grêmio teve em seu gol Marcelo Grohe, que naquele momento era reserva de Victor no time principal. Foram a campo outros nomes que depois chegaram a ser titulares, como o lateral-direito Mário Fernandes e o volante Adilson. No lado do Inter, o goleiro Muriel, o zagueiro Rodrigo Moledo e o meia Ricardo Goulart foram os jogadores que ganharam mais destaque nos anos seguintes.
Contando com jogadores do elenco principal contra os do time B do Inter, o Grêmio mostrou sua maior qualidade desde os primeiros passos do Gre-Nal. A crônica de Zero Hora da partida desta a superioridade da equipe de Roger Machado.
"Assim que a Márcio Chagas trilou o apito, a empolgação das arquibancadas transferiu-se para o gramado, como que por osmose. Relâmpago foi o Grêmio no ataque. Aos seis minutos, como um raio, Diego Clementino surpreendeu Massari, invadiu a área e só não foi às redes pela perna direita de Muriel, que pôs a bola em escanteio. Sintomática, a chance de gol alertava para a superioridade do Grêmio. Aplicado, Roger não se limitou a substituir Renato à beira do campo: o ex-lateral e agora auxiliar mudou o esquema e espelhou o 4-2-3-1 do Inter B de Enderson Moreira. Deu certo. Vindo de trás com velocidade e dribles certeiros, Diego Clementino sobressaiu-se no primeiro tempo", diz trecho do texto.
Apesar da superioridade do Grêmio, o Inter abriu o placar. Aos 38 minutos, Marquinhos bateu escanteio e Guto subiu para cabecear sem chances para Marcelo Grohe.
"O gol transformou o panorama, e o Inter passou a ser o dono absoluto do jogo. Aos 43, Guto cobrou falta da meia-lua e viu a bola roçar o poste direito de Grohe. De novo pela esquerda, sob comando de Marquinhos, Ricardo Goulart, aos 45, improvisou um peixinho e perdeu nova chance clara. O primeiro tempo chegava ao fim completamente diferente de como havia começado", conta a crônica do Gre-Nal.
Mudanças de Roger fazem efeito
O Grêmio voltou para o segundo tempo com William Magrão no lugar de Vilson. Com isso, Mário Fernandes foi para a zaga e Maylson passou a ser lateral-direito. O sistema tático tricolor também mudou do 4-2-3-1 para o 4-4-2. O Tricolor chegou ao empate logo aos 13 minutos, com o lateral-esquerdo Bruno Collaço cobrando falta.
"Só depois de mais de cinco minutos de bola rolando que as luzes caíram sobre o castigado gramado. E parece que os refletores acenderam o Grêmio por tabela. Aos 13 minutos, Bruno Collaço cobrou falta perto da área. Rasante à barreira, a bola chegou veloz ao gol de Muriel, que, imóvel, viu o Grêmio empatar o Gre-Nal 384", conta a crônica de Zero Hora.
A partir do 1 a 1, o Gre-Nal passou a ser um jogo mais aberto com as duas equipes alternando chances. O Grêmio chegou ao gol da vitória aos 27 minutos do segundo tempo com Lins, que havia entrado no lugar de Mithyuê, em mais uma mudança providencial de Roger Machado.
"O Gre-Nal da Fronteira tem um vencedor, o Grêmio, o time mais ousado, que lançou mão de mais avantes em busca do gol. Na tabela do Gauchão, o Tricolor alcança 11 pontos no Grupo 2. Já o Inter estaciona nos nove pontos, na Chave 1 do Gauchão", encerrou a crônica de Zero Hora.
Ficha Técnica Gre-Nal 384
Gauchão – 1ª turno - 30/1/2011
GRÊMIO: Marcelo Grohe; Mário Fernandes, Vilson (Willian Magrão), Neuton e Bruno Collaço; Adilson, Mateus Magro, Maylson e Mithyuê (Lins); Diego Clementino e Wesley (Dener). Técnico: Roger Machado
INTER: Muriel; Daniel, Rodrigo Moledo, Ronaldo Alves e Massari; Juliano, Augusto (Wagner Libano); Ricardo Goulart (Thiago Humberto), Natan (Marinho) e Marquinhos; Guto. Técnico: Enderson Moreira
Local: Atílio Paiva, em Rivera (Uruguai)
Árbitro: Márcio Chagas, auxiliado por Alexandre Kleiniche e José Eduardo Calza.
Cartões amarelos: Maylson e Marcelo Grohe (Grêmio)
Gols: Guto (I), aos 38 do 1º tempo; Bruno Collaço (G), aos 13, e Lins (G) aos 27 minutos do 2º tempo.
Público: 4.010 (pagantes)
Renda: R$ 306.000,00