Focar na promoção dos Jogos Paralímpicos, ir além do vender ingressos e tomar as melhores decisões sobre as condições de participação dos atletas russos são os desafios a seis meses dos Jogos Paralímpicos, afirmou em entrevista à AFP o brasileiro Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC).
Confira o que disse o dirigente brasileiro de 47 anos, que desde 2017 comanda o IPC.
Qual a sua visão sobre o progresso dos preparativos?
Estamos muito satisfeitos até agora. Todos os planos operacionais estão prontos. Estamos nos concentrando muito na promoção dos Jogos, garantindo que as pessoas estejam informadas e ansiosas para adquirir ingressos e acompanhar os Jogos pela televisão. Em Paris, na França e em todo o mundo. É isso que faremos com campanhas de promoção e trabalhando com o Comitê Organizador para garantir estádios cheios em Paris.
Até agora, menos de um milhão de ingressos foram vendidos de um total de 2,8 milhões. Isso faz sentido para você?
É uma curva de vendas normal. Sabemos que as coisas vão melhorar com a proximidade dos Jogos. Mas temos locais que já estão quase todos vendidos, em algumas modalidades. Estamos satisfeitos com onde estamos, mas, é claro, teremos que nos esforçar para ir mais longe. Usaremos todos os meios disponíveis, incluindo redes sociais e mídia tradicional. Há interesse em outros países. Portanto, apoiaremos os Comitês Paralímpicos nacionais na divulgação das informações.
Você tem uma ideia mais precisa sobre a cobertura da imprensa?
Fechamos acordos em mais de 160 países e territórios para a transmissão dos Jogos, o que representa o maior número já alcançado. É um fenômeno em constante aumento desde Pequim-2008. Em relação aos jornalistas que cobrirão os Jogos, implementamos pela primeira vez cotas de credenciamento, algo normal no caso dos Jogos Olímpicos.
Qual o seu ponto de vista sobre as questões relacionadas à segurança?
É claro que estamos trabalhando com as forças de segurança na França e em Paris, por meio do Comitê Organizador, e estamos confiantes de que poderão fornecer um ambiente seguro, não apenas para nossos atletas, mas também para os espectadores, voluntários e todos os envolvidos nos Jogos. Em Paris, houve grandes eventos, com milhões de pessoas nas ruas (ele cita as últimas etapas do Tour de France ou as celebrações nacionais anuais de 14 de julho). As forças policiais estão preparadas para nos fornecer um ambiente seguro.
E especificamente devido ao contexto do conflito israelense-palestino?
Gostaria de expressar minha profunda tristeza pela situação entre Israel e Palestina. Os Comitês Paralímpicos nacionais, nem um nem outro, usaram o movimento paralímpico para transmitir mensagens políticas até agora, então não há nada a assinalar sobre ambos os comitês. Não há nada a investigar, nem suspensões, nada disso.
Qual é a situação dos atletas russos e bielorrussos, após a decisão de suspender os dois países, permitindo que seus atletas possam competir sob bandeira neutra caso cumpram uma série de condições?
Essa decisão levou o Conselho de Administração a elaborar os critérios de elegibilidade e as condições que serão impostas aos atletas sob bandeira neutra. Ainda estamos trabalhando nisso. Temos alguns meses antes dos Jogos, então temos tempo para tomar as melhores decisões em relação a essas condições. Faremos isso nas próximas semanas. Não posso dar um prazo porque queremos levar o tempo necessário. Não podemos simplesmente copiar o que o COI (Comitê Olímpico Internacional) fez. Podemos aprender com eles e ver o que é viável para o nosso movimento e o que não é.
* AFP