A atleta sul-africana Caster Semenya, bicampeã olímpica e que está impedida de participar de algumas provas por se recusar a receber tratamento para reduzir seu nível de testosterona, pediu ajuda nesta sexta-feira (9) para financiar sua batalha judicial contra esta regulamentação.
"Não temos recursos suficientes. Temos conosco muitos especialistas a quem devemos pagar", declarou Semenya durante uma entrevista coletiva em Johannesburgo, acrescentando que sua próxima audiência no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) está prevista para 15 de maio.
"Tudo que você pode contribuir faz uma grande diferença", acrescentou.
Em novembro, a Grande Câmara do TEDH aceitou examinar o caso da bicampeã olímpica dos 800 metros (Londres-2012 e Rio-2016).
A atleta de 33 anos havia vencido uma longa batalha judicial em julho, quando o TEDH decidiu a seu favor em primeira instância contra a Suíça, por considerar que a atleta é vítima de discriminação.
Apoiadas pela Federação Internacional de Atletismo (World Athletics, ex-IAAF), as autoridades suíças anunciaram, no entanto, sua intenção de levar o caso à Grande Câmara do TEDH, que funciona como tribunal de recurso e cujas decisões são definitivas.
A decisão de primeira instância foi tomada por uma pequena maioria de quatro juízes a três. Em 2020, a Justiça suíça confirmou uma decisão do Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) que validou os regulamentos da World Athletics.
O regulamento obriga a atleta com hiperandrogenismo a seguir um tratamento para diminuir seu nível de testosterona, caso deseje disputar as provas de sua distância preferida.
"A Suíça se excedeu na limitada margem de apreciação de que gozava neste caso, que se referia a uma discriminação baseada no sexo e nas características sexuais, que pode ser justificada apenas por 'considerações muito fortes'", decidiu em julho o tribunal com sede em Estrasburgo.
A decisão publicada em julho não invalidava o regulamento da World Athletics e também não abria diretamente o caminho para Semenya participar dos 800 m sem tratamento.
"O atual regulamento sobre as DDS (diferenças no desenvolvimento sexual), aprovado pelo Conselho da Federação Internacional em março de 2023, permanece em vigor", destacou, então, o organismo europeu.
* AFP