Com vaga garantida a Paris, Almir Júnior chegou ao Chile em busca de um lugar no pódio dos Jogos Pan-Americanos. O objetivo é apagar alguns resultados que o deixaram longe do desempenho esperado para um vice-campeão mundial — ele foi prata na competição indoor de 2018, em Birmingham, na Inglaterra.
Desde então, passou a ser uma aposta da seleção brasileira de atletismo nas principais competições. No entanto, problemas de lesão e até mesmo um período de covid-19 acabaram influenciando para que novas medalhas em grandes eventos não acontecessem.
No último Pan, em Lima, o mato-grossense radicado em Porto Alegre ficou em quarto lugar com 16m70cm — bem distante dos 17m41cm que o tornaram medalhista mundial e mais ainda de sua melhor marca (17m53cm). Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, os 16m27cm da fase classificatória o deixaram distante de uma das 12 vagas para a final e o 23º lugar teve um gosto bastante amargo.
— Conforme a gente vai atingindo objetivos, os sonhos vão mudando e a régua vai ficando mais alta. Há dois anos, eu estaria realizado por estar disputando uma Olimpíada. Mas hoje não. Eu cheguei aqui para brigar por muito mais e saio frustrado por não ter conseguido fazer isso — disse o atleta da Sogipa, antes de deixar o Estádio Olímpico de Tóquio.
Após a frustração olímpica, Almir e o técnico José Haroldo Loureiro Gomes, o Arataca, decidiram por algumas mudanças em sua rotina. A principal delas foi a mudança de perna preferencial na hora do salto, além de intensificar o período em que treina e compete na Europa.
Sendo assim, Almir trabalha um período em Porto Alegre e outro em Portugal, com José de Sousa Uva, que tem a portuguesa Patrícia Mamona, prata em Tóquio, como uma de suas atletas. Estar na Europa permite a ele participar de mais competições, o que é fundamental no alto rendimento.
Na atual temporada, Almir foi tricampeão do Troféu Brasil e venceu o Sul-Americano disputado em São Paulo, com 17m24cm, salto que o classificou para Paris.
— Enfim, campeão sul-americano. Enfim, recordista de alguma prova. Não tinha nenhuma marca dessas. Extremamente feliz. Primeiro brasileiro a saltar os 17m com as duas pernas, porque eu troquei a perna (do salto). Eu fui pra Europa para treinar. Foi um recomeço saltar com a outra perna. O objetivo é Paris. Agora, o percurso até lá fica melhor. Tirei um peso das costas. Fazia tempo que eu não performava assim —declarou ao vencer o Sul-Americano e quebrar o recorde da competição.
Para Arataca, o pódio na noite desta sexta-feira, no Estádio Nacional de Santiago, é possível.
— O Almir está bem. Está tranquilo, pois o objetivo são os Jogos Olímpicos, onde ele já está garantido. Então, o Pan é competição de percurso. Mas é importante. Toda energia está concentrada nisso. O objetivo do Almir é um pódio e ele pode, mesmo. É só encaixar um salto— projeta o treinador.
A final do salto triplo ocorre nesta sexta-feira (3), às 19h29min. O saltador da Sogipa será o sétimo a saltar e, entre os nove participantes, é quem tem a melhor marca pessoal. Seus principais rivais deverão ser os cubanos Lázaro Martínez e Cristian Nápoles e os norte-americanos Christopher Benard e Christopher Carter.