Alvos de investigação sobre o furto de uma faixa no Beira-Rio, integrantes de uma organizada do Grêmio estão ligados a outros atos violentos em estádios de futebol. É o que acredita a Polícia Civil, que, na terça-feira (10), prendeu um dos líderes do grupo, em Novo Hamburgo.
Segundo o delegado Vinicius Nahan, da 2ª Delegacia de Polícia, as mesmas pessoas participaram, em janeiro, da briga que resultou em veículos depredados no entorno do estádio Passo D'Areia, antes de uma partida entre São José e Grêmio, pelo Gauchão. Testemunhas relataram que homens com roupas de uma torcida organizada gremista atacaram um grupo de torcedores organizados do São José. Também foram registrados roubos de instrumentos e materiais de dentro do Zequinha.
O outro episódio no qual os torcedores teriam se envolvido ocorreu em outubro de 2021, depois da derrota do Grêmio por 3 a 1 para o Palmeiras, na Arena. Houve a invasão do gramado, e criminosos quebraram os equipamentos de transmissão e a cabine do VAR, além de agredirem seguranças do estádio.
— Vemos pelas ocorrências que alguns nomes se repetem — afirma o delegado.
Ainda conforme Nahan, o homem preso na recente operação é facilmente identificado na confusão de 2021.
Torcida (des)organizada
A polícia não sabe precisar a quantidade de integrantes desse grupo "mais violento". A torcida organizada em questão não tem ficha cadastral que possa apontar, com clareza, quem participa das atividades — nem mesmo as que estão dentro da lei. É fato, pelo somatório dos nomes dos boletins de ocorrência, que são ao menos 30 indivíduos. Eles estão ligados a uma página com 11 mil seguidos nas redes sociais.
— Quando eu falo que a violência está aumentando é justamente por conta desse trabalho de monitoramento das redes sociais que a gente faz. Temos notado mais postagens com esses itens que eles furtam de outras torcidas e que são publicados como um troféu — comenta Vinicius Nahan.
Não há números que apontem a proliferação dos furtos entre torcidas organizadas no Rio Grande do Sul. De acordo com o delegado, a falta de uma estatística real se deve ao fato de que, quando os furtos acontecem em via pública, as pessoas não costumam registrá-los.
Invasão do CT do Grêmio
No final do mês passado, homens invadiram o CT do Grêmio no bairro Cristal e roubaram uma faixa e uma bandeira. Eles estavam armados com facas e renderam os seguranças, apontaram os depoimentos desses profissionais no inquérito.
No momento da invasão, não havia atividades no local — a Escola de Futebol do Tricolor funciona ali. O evento programado para o dia, chamado de Grêmio Cup, precisou ser adiado para uma quadra alugada por conta da chuva. Ninguém ficou ferido. A delegada Luciana Smith diz que ainda busca a identificação dos criminosos. As imagens fornecidas à polícia são de baixa qualidade, o que contribui para a dificuldade do processo.