Navegando por Vitórias. No cenário desafiador do diagnóstico de câncer de mama, mulheres se destacam por sua coragem e resiliência ao encarar a tormenta da doença. Como um barco a vela navegando em águas agitadas, elas se adaptam, ajustando seu curso conforme as condições adversas, buscando com determinação o horizonte da cura.
Longe de ser uma jornada linear, o enfrentamento do câncer de mama exige constantes ajustes e adaptações. Como capitãs de seus destinos, essas guerreiras destemidas enfrentam os desafios com uma determinação inabalável. Diante das tempestades físicas e emocionais, elas demonstram uma coragem incomparável, desviando das dores e dificuldades, tecendo uma rede de apoio que as impulsiona rumo à recuperação.
Porém, uma mulher com câncer de mama divide o peso do diagnóstico quando soma as energias de quem está por perto. Família, amigos e uma rede enorme de gente que é sempre importante para apoiar uma paciente.
E cada remada representa um ato de bravura, uma batalha contra o medo e a incerteza. Conscientes de que a luta é longa e árdua, elas persistem, encontrando forças mesmo nos momentos mais desafiadores. Com uma sólida determinação, trilham um caminho de esperança e superação, inspirando todos ao seu redor, em uma grande celebração à vida, para seguir enxergando um horizonte mais cor de rosa.
Na quarta temporada de "Vitórias", série que aborda durante o Outubro Rosa assuntos relativos ao câncer de mama e sua prevenção, Alice Bastos Neves apresentou a linha do tempo da vida de quem passa pela doença: diagnóstico, tratamento, rede de apoio e cura.
Marília Britto — contribuição para ciência
Quando percebeu, através do autoexame, um carcinoma (tumor maligno no seio), Marília Britto foi em busca de médicos. Depois foram exames, tratamento e cura. Ela trabalha com extensão de cílios e, desta vez, perdeu os próprios, junto com sobrancelhas e cabelos, por conta do tratamento.
— Eu estava tomando banho e senti um carocinho no peito. Comecei a investigar, marquei consulta ginecológica, os exames necessários de imagem, com ecografia, mamografia e biopsia. Foi quando concretizou que era um carcinoma — explica Marília.
Diagnosticada com câncer de mama aos 32 anos, mesmo sem ter um histórico familiar, Marília decidiu, ao final do procedimento, entrar em uma pesquisa para ajudar na busca de novos medicamentos com chances de cura.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) está tentando provocar todos os países do mundo. Além da mamografia, que façam campanhas sobre o autoexame. Para uma detecção rápida, que permita o tratamento, a cura, e que o paciente possa seguir vivendo com qualidade.
— Eu tenho que ajudar a ciência, né? De contrário, como é que vamos descobrir novos medicamentos? — complementa Marília Britto.
Porto Alegre é considerada a capital brasileira de pesquisas oncológicas. É o centro do que os médicos chamam de revolução, como a possibilidade de detecção do câncer através de exame de sangue.
— Só aqui temos mais de 30 pesquisas em andamento, explorando novos tratamentos e novas drogas. Isso representa uma oportunidade para os pacientes. Não só colaborar com o seu tratamento, mas também com o desenvolvimento do conhecimento de uma forma geral — afirma o médico Carlos Barrios, diretor e pesquisador do Centro de Pesquisa em Oncologia Hospital São Lucas da PUC-RS.
A meta de Marília agora é voltar às atividades físicas com mais regularidade junto da mãe, Daisy, sua parceira de academia e caminhadas, buscando manter a vida saudável.
Lorena Ronsoni — tratamento com incentivo
O medo fez Lorena pensar muitas vezes em desistir do tratamento contra o câncer de mama. Mas para tirar da cabeça que o câncer era sinônimo de morte, era necessário viver durante o tratamento. Por isso, tudo o que ela precisava era de um incentivo, que veio de Cristal, de apenas oito anos, e da filha Betânia.
No xadrez da vida de Lorena, ela já havia dado xeque-mate no trabalho. Aposentada, estava apenas curtindo a vida, especialmente a neta, quando recebeu a desafiadora notícia do nódulo. De imediato, veio a dúvida: como explicar para Cristal?
— Não é sobre o diagnóstico de câncer, e sim sobre o que você faz com ele — disse à pequena, já dando lição.
A luz de Cristal foi inspiração. É ela quem convidava a avó para realizar caminhadas, pegar sol e respirar ar puro, mesmo durante as quimioterapias.
— Ela fica furiosa quando eu digo que não quero ir. Aí me leva na marra, nem que ela dê quatro voltas na praça e eu só uma — relatou Lorena.
A criança, parte de uma geração de mulheres que desde cedo aprende questões de autocuidado, entendeu de perto que o pior iria passar, mostrando que dá para passar por esse tratamento de forma ativa. Sabendo que “nada custa, mas acrescenta muito”, como o poema O Sorriso, de Mário Quintana.
Márcia Evald — rede de apoio e vida após o câncer
A rede de apoio desempenha um papel fundamental no tratamento do câncer de mama, fornecendo um suporte emocional e prático crucial para as pacientes. Diante da complexidade do tratamento, familiares, amigos e profissionais de saúde atuam como pilares de assistência nas tarefas diárias e informações relevantes, tornando-se indispensáveis para enfrentar os obstáculos e promover uma experiência mais humanizada no processo.
Diagnosticada com câncer de mama em 2018, Márcia Evald fez quimioterapia, radioterapia e se curou. No entanto, quatro anos depois, em exames de rotina, teve a recidiva (retorno do câncer). A partir de então, novo tratamento e nova cura. O baque da segunda vez foi ainda maior, mas diretamente proporcional a energia para recuperar.
— Vamos de novo — disse Márcia, que complementou:
— Nós não podemos desistir, temos que acreditar sempre, e manter os exames em dia. Se aparecer, temos que curar rápido — disse Márcia.
Em todo esse tempo, para seguir vivendo bem, ela teve apoio do marido, do filho, da nora e de uma amiga. Quatro pessoas que ocupam lugares muito importantes. Mas também esteve presente um time de especialistas, com oncologista (especialista em câncer), mastologista (especialista em mamas), nutricionista, psicólogo, dentista, fisioterapeuta, enfermeiros, auxiliares de enfermagem.
Vanise Bowier, a amiga, foi a mais presente. Triste por ter perdido o emprego durante a pandemia, ela viu na força de Márcia uma lição para seguir em frente.
— Eles me acolheram quando eu estava muito chateada. Quando cheguei, me deparei com a Márcia sem cabelo, com lenço na cabeça, e me dei conta que eu não tinha um problema — explicou Vanise, a organizadora da festa quando Márcia encerrou a última sessão de quimioterapia.