Bernardinho está de volta à seleção brasileira, seis anos após sua despedida. A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) anunciou neste sábado que o profissional multicampeão será o novo coordenador técnico da equipe masculina e trabalhará em conjunto com o treinador Renan Dal Zotto "para planejar o trabalho das equipes adultas e de base visando os Jogos Olímpicos de 2024, 2028 e 2032". Junto ao cargo na CBV, ele continuará trabalhando como treinador do Sesc Flamengo.
— Estou muito feliz de voltar a trabalhar com as seleções masculinas. O objetivo é colocar em prática um planejamento integrado entre as seleções de base e a adulta, pensando nos próximos ciclos olímpicos. Quero usar minha experiência para contribuir, principalmente no desenvolvimento jogadores mais jovens. Temos a ideia de levá-los para disputar torneios internacionais, que ampliem sua experiência e ajudem no processo de transição entre as gerações. É um trabalho bem abrangente e contarei muito com o Renan e todos os outros treinadores das equipes de base — diz o novo coordenador técnico da seleção.
O vôlei masculino brasileiro não tem vivido um bom momento, por isso o comando de Dal Zotto vem sendo questionado. No mês passado, a seleção perdeu o Sul-Americano pela primeira vez na história, ao ser derrotada pela Argentina. Até então, havia vencido todas as 33 edições das quais participou. No único ano em que o Brasil ficou de fora, em 1964, os argentinos foram os campeões.
— A chegada do Bernardinho como coordenador das seleções masculinas reforça o trabalho de integração entre as categorias de base e o adulto — afirma Dal Zotto, que prepara a equipe para o Pré-Olímpico, com disputa entre 30 de setembro e 8 de outubro.
— Já trabalhamos juntos, temos ideias parecidas. Participei do desenvolvimento dessa nova estrutura proposta pela CBV, que com certeza vai gerar vários bons frutos — completa.
O novo organograma com a inclusão do cargo de coordenador técnico também foi instituído pela CBV na seleção feminina, mas, neste caso, a função deve ser acumulada por José Roberto Guimarães, treinador da equipe há 20 anos. A CBV, contudo, ainda aguarda uma resposta de Zé sobre esse convite.
— A integração entre as equipes adultas e de base é um fator fundamental no sucesso de décadas do vôlei brasileiro. Com a criação do cargo de coordenador técnico, a CBV torna esse trabalho ainda mais forte. Para os cargos, convidamos os dois técnicos mais vencedores da história do vôlei nacional. Bernardinho já começou a trabalhar com a equipe masculina, e aguardamos a resposta de José Roberto Guimarães. A experiência e a capacidade de Renan Dal Zotto e dos treinadores das seleções de base serão importantíssimas nesse trabalho — explica Jorge Bichara, diretor técnico da CBV.
Medalhista de prata como jogador nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, Bernardinho foi técnico da seleção feminina entre as décadas de 1990 e 2000, período em que alcançou dois bronzes olímpicos (Atlanta-1996 e Sydney-200) e vices no Mundial de 1994 e na Copa do Mundo de 1995.
Na equipe masculina, foi ainda mais longe, com medalhas de ouro em Atenas-2004 e no Rio-2016, além das pratas conquistadas em Pequim-2008 e Londres-2012. Soma ainda três títulos e um vice do Mundial. Em Copas do Mundo, tem dois ouros e um bronze.
Deixou o comando do Brasil em 2017 e no ano seguinte chegou ser cotado para concorrer ao governo do Rio de Janeiro pelo Partido Novo, mas desistiu da jornada política. Desde que saiu da seleção, treina o time feminino do Sesc, que, a partir de 2020, passou a ter uma parceria com o Flamengo. Entre 2021 e 2022, treinou a seleção francesa masculina em paralelo à equipe carioca.