É difícil de respirar algo que não seja futebol nos últimos — e nos próximos — dias ao caminhar pelas ruas de Erechim. A cidade ainda vive anestesiada sob os efeitos da festa histórica pela classificação do Ypiranga à terceira fase da Copa do Brasil na noite de quarta-feira (15).
Foi uma noite de Copa em essência. A começar pelo corredor de sinalizadores, fumaça e abraços que esperava os jogadores no trajeto desde o hotel ao Estádio Colosso da Lagoa, do outro lado da Avenida Sete de Setembro. Não é força de expressão: a torcida carregou nos braços o Ypiranga à vitória por 3 a 1 sobre o Bragantino.
— Tem dias que são épicos, históricos. E essa classificação se revestiu em um momento todo especial por causa do engajamento da torcida. A rua de fogo, o clima no estádio. O torcedor do interior tem muito de assistir ao jogo e não de torcer. E nosso torcedor foi aquele torcedor mesmo, apaixonado. Estou emocionado — diz o presidente Adilson Stankiewicz.
A festa que coloriu a noite de quarta-feira em Erechim de amarelo e verde se refletiu no dia seguinte. E não apenas pelos cordões das calçadas pintado nas mesmas cores, mas pelas camisas do Ypiranga que se multiplicavam pelo centro da cidade, às vésperas de mais um duelo decisivo: neste domingo (19), às 16h, contra o Grêmio, pelo jogo de ida da semifinal do Gauchão.
— Nós estamos vivendo um momento mágico, é uma semana sensacional — sentencia Stankiewicz.
O presidente, aliás, estava de volta ao Colosso da Lagoa pontualmente às 7h30min — menos de quatro horas após deixar a festa que ganhou a madrugada no estádio pela classificação. As filas de torcedores à procura de ingressos vieram logo em seguida. O torcedor Mario Augusto Capachi foi logo levando 12 entradas, arrebatadas por R$ 2,6 mil.
— São para os amigos do interior, que estão ansiosos pelo jogo, para ver essa batalha. Como só eu sou de Erechim, fiz a gentileza para os amigos — conta, orgulhoso.
O movimento nas duas mesas que funcionam de quadro social era não menos intenso. Até o final da manhã, o clube registrou 30 novos sócios. Ao todo, são mais de 2,5 mil associados. Pela manhã, na loja oficial do clube — que opera sob regime especial de plantão — o movimento era para repor o estoque que foi liquidado ainda durante a noite de quarta-feira.
— Nenhum time chega à final ou a jogos decisivos sem antes ter o apoio, ter um estádio cheio. A gente precisa fazer com que os times que vêm jogar sintam a pressão. A torcida tem de apoiar o time os 90 minutos — afirma o sócio Mateus Marangoni, que foi ao Colosso da Lagoa colocar as mensalidades em dia.