Depois do fracasso de não conseguir a classificação para a Copa do Mundo do Catar, o técnico italiano Roberto Mancini está em um processo de busca de uma equipe antes de a 'Azzurra' começar nesta quinta-feira (23), contra a Inglaterra, a defesa do título continental, com o início das Eliminatórias para a Eurocopa-2024.
A trajetória da Itália nos últimos anos foi marcada por dois retumbantes fracassos , a ausência nos Mundiais de 2018 e 2022 e um surpreendente sucesso, a Euro-2020 (adiada para 2021 devido à pandemia) vencendo a Inglaterra na final em Wembley.
A partida no Estádio Diego Maradona, em Nápoles, será, portanto, uma repetição da última decisão continental, vencida pelos italianos nos pênaltis.
Enquanto as principais seleções do mundo lutavam pelo título mundial no Catar, o futebol italiano vivia outra crise, com Mancini lamentando a falta de jovens talentos em um país acostumado a revelar jogadores de nível mundial.
A Itália conta com três times classificados para as quartas de final da Liga dos Campeões (Napoli, Inter de Milão e Milan), além de mais três nos outros dois torneios continentais (Roma, Juventus e Fiorentina), sendo o país com mais representantes nas últimas rodadas das competições europeias de clubes.
Mas longe de destacar este sucesso da Serie A, Mancini se mostra prudente: "(As equipas da Liga dos Campeões) têm sete ou oito italianos entre os três... Esta é a realidade e temos de fazer algo diferente", disse ele na segunda-feira aos jornalistas.
— O futebol italiano não renasceu... Se houvesse 33 italianos em campo talvez... Metade já seria suficiente! — acrescentou.
O treinador lamenta particularmente a falta de atacantes, citando o ponta Willy Gnonto, do Leeds United, como um exemplo de jovens talentos que são ignorados pelas equipes do Calcio.
Um argumento que parece não convencer o país, que criticou Mancini por ter convocado pela primeira vez Mateo Retegui, nascido há 23 anos na Argentina e que nunca atuou na Serie A, atualmente no argentino Tigre.
Os 'tifosi' também ficaram perplexos com a decisão de Mancini de não convocar jovens jogadores que estão se destacando na Serie A, como o zagueiro da Udinese Destiny Udogie, que jogará pelo Tottenham na próxima temporada, o meio-campista da Juventus Nicolo Fagioli e a dupla da Lazio Mattia Zaccagni e Nicolo Casale.
Southgate preocupado com futuro
Zaccagni, por exemplo, já marcou nove gols pela Lazio nesta temporada, incluindo o da vitória no clássico contra a Roma no último domingo. Mas o técnico preferiu Federico Chiesa, que jogou apenas 500 minutos nesta temporada com a Juventus, marcando só um gol. O atacante da 'Juve', no entanto, será desfalque nos dois primeiros jogos (contra Inglaterra e Malta) devido a uma lesão.
Apesar de tudo, a Itália estreia contra a Inglaterra como as duas grandes favoritas a ocupar as duas vagas que classificam para a Eurocopa num grupo E completado por Malta, Ucrânia e... Macedônia do Norte, seleção que eliminou a 'Azurra' nos playoffs classificatórios para a Copa do Mundo do Catar.
Apesar de contar com mais jogadores talentosos, as reclamações do técnico da Inglaterra, Gareth Southgate, são semelhantes às de Mancini. Apesar dos jovens que o treinador efetivou nos últimos anos (Foden, Grealish, Saka, Bellingham...), ele lamenta que não haja mais jogadores na Premier League.
—Gostaria de ter mais profundidade, mas temos menos opções do que outras grandes nações. Estou feliz com a qualidade que temos, mas em algumas posições faltam jogadores selecionáveis —comentou.
Southgate vai mais longe e alerta que a presença dos jovens "está se deteriorando rapidamente na Premier League".
—Não é algo que me preocupe daqui a 18 meses, mas daqui a quatro ou cinco anos. Temos que ter muito cuidado com isso —afirmou o treinador que dirigiu a seleção inglesa nas duas últimas Copas.
* AFP