Chegou ao fim oficialmente na noite de quarta-feira (22), após 18 temporadas de circuito profissional, a carreira do paulista Thomaz Bellucci. Aos 35 anos, o tenista brasileiro se despediu no Rio Open com derrota para o argentino Sebastien Baez por 6/3 e 6/2 após 1h34min. Aplaudido de pé, ele foi homenageado e se emocionou.
— É um dia triste, mas feliz também. Triste porque nossa nova geração não vai poder vê-lo jogar mais. Mas pudemos te ver dando tudo na quadra e nos representando muito bem. Orgulho gigantesco. Tivemos o prazer de te ver jogar. Parabéns, Thomaz — ouviu da organização ainda na quadra.
Mas foi na coletiva de imprensa que Bellucci foi o mais sincero possível desde o começo da sua carreira e desabafou sobre as críticas que recebeu durante os anos em que ficou na ativa no tênis.
— Sempre teve muita expectativa em cima de mim e isso não foi bom, já que eu também me cobrava muito. Hoje eu deveria ter mandado muita gente para aquele lugar, me importava muito com a opinião dos haters, deveria focar mais em quem se importava comigo. Muita gente criticava o meu mental, essa sempre foi a parte forte para mim. Foi o físico que me barrou — garantiu Bellucci.
Antes, o agora ex-tenista recebeu homenagens na quadra, com a presença de pessoas que participaram da sua trajetória de tenista. Marcelo Melo e André Sá, tenistas, e os técnicos Leo Azevedo e João Zwetsch, além dos familiares do tenista, seus pais Ildebrando e Maria Regina estiveram em quadra. Um vídeo com mensagens de pessoas que acompanharam sua carreira também passou no telão da quadra. Desde os pais até os tenistas com os quais fez parceria ou mesmo foi rival. Guga, Bia Haddad, Ricardo Acioly, Rogério Dutra, Bruno Soares, André Sá, Marcelo Melo, Thiago Monteiro, Larri Passos, todos discursaram.
Ele recebeu um placa pelos serviços prestados ao tênis e sofreu para dar as primeira declaração como aposentado. As palavras não saiam.
— Quero agradecer por todos esses anos que pude fazer meu serviço. Recebi muito carinho e conquistei muito mais do que eu esperava. Foi um grande privilégio para mim jogar diante de vocês e ter representado o Brasil — disse, mas continuou agradecendo:
— Só agradecer a todos que estão aqui, meus treinadores, os amigo que estiveram comigo. Não conquistei nada sozinho, vocês fizeram parte disso. Agradecer minha família, que me apoiou desde pequeno. Não é uma jornada fácil. Sou muito grato. Espero ter conseguido me despedir de uma maneira bacana. Muito obrigado.
Bellucci chegou à quadra Gustavo Kuerten para seu último torneio da carreira em um carrinho de golfe. Sem jogar desde o Challenger de Szcecin, na Polônia, em setembro de 2022, ele admitiu que a falta de ritmo poderia atrapalhar em sua estreia no Rio Open.
O brasileiro largou no jogo com erros e foi logo quebrado, com 2 a 0 para Baez. No saque do argentino, teve dois breakpoints e não aproveitou, ficando com 3 a 0 contra ao errar bolas fáceis — uma na rede e outra para fora. Seu primeiro ponto foi bastante festejado. Mas ele não conseguiu devolver a quebra e perdeu o primeiro set por 6 a 3.
Ele ficou pela primeira vez em vantagem em uma parcial ao fazer 1 a 0 no segundo set. Mas emplacou erros em demasia, sofrendo com o preparo físico, e rapidamente levou a virada. Com 5 a 1 contra e duplo match point ao argentino, o torcedor já o aplaudia pelo fim da carreira. Salvou os dois e se divertiu com a torcida cantando seu nome. Não escondia, porém, o cansaço. Baez fechou no saque, com 6 a 2, e pediu para o brasileiro assinar a câmera, gesto normalmente realizado pelos vencedores dos jogos.
Profissional desde 2005, Bellucci se despede da brilhante carreira considerado top 10 da história do país. Mesmo sem títulos de Grand Slam, chamou atenção pelo seu tênis de alto nível. Foram quatro conquistas de torneio ATP na carreira: Gstaad, em 2009 e 2012, além de Santiago, em 2010, e Genebra em 2015 em oito decisões. Nas duplas, ergueu o troféu em Stuttgart, em 2013.
Entre os grandes feitos da carreira desse paulista de Tietê, vitórias contra os top 10 Fernando Verdasco, Andy Murray, Tomas Berdych, David Ferrer, Janko Tipsarevic e Kei Nishikori. Seu melhor ranking foi o 21º lugar, em 2010. Na carreira, ainda pode festejar ter aplicado um pneu em Novak Djokovic e ganho um set de Rafael Nadal em Roland Garros.
— Ser o número 21 do mundo, conquistar quatro títulos ATP, oito Challengers, além de representar o Brasil em 37 partidas da Copa Davis e levar o país até as quartas de final dos Jogos Olímpicos não é para qualquer um. Você foi e sempre será um gigante do tênis. Valeu, Bellucci — agradeceu a Confederação Brasileira de Tênis (CBT).