Os atritos envolvendo Lionel Messi e a ex-diretoria do Barcelona, liderada pelo ex-presidente Josep Maria Bartomeu, ganharam mais um capítulo nesta quinta-feira (12). Uma investigação da polícia catalã aponta que havia uma forte desavença entre o craque argentino e diretores do clube, segundo o jornal El Periódico.
Conforme publicado no jornal, uma das relações mais complicadas era com o chefe jurídico do Barcelona, Román Gómez Ponti. Na época, o diretor se referiu a Messi com xingamentos: "Barto (Bartomeu), você não pode ser uma pessoa tão boa com esse rato de esgoto. O clube deu tudo a ele, mas ele se dedicou a marcar uma ditadura de contratações, transferências, renovações, patrocínios. Tudo só para ele".
O relato de Ponti incita que Messi teria sido o responsável pelas renovações do atacante Luís Suárez, do lateral-esquerdo Jordi Alba, e do goleiro José Manuel Pinto. O irmão do camisa 10, Rodrigo Messi, também teria sido o agente que trabalhou na renovação do jovem Ansu Fati.
As ofensas de Ponti não pararam por aí. Ele acusa o argentino de usar a sua idolatria para fazer suas vontades. "Tem um acúmulo de chantagens e grosserias que o clube e todos que trabalhamos sofremos deste anão com hormônios, que deve a vida ao Barça. Mas quando vêm o mau momento, como na pandemia, você recebem uma mensagem no Whatsapp: 'Presidente, baixe o salário de todos, mas não toque em mim e em Luis (Suárez)'. Tomara que tenha a indiferença das pessoas, que é o pior que pode acontecer. Mais um mercenário", disparou o ex-diretor da equipe catalã.
Segundo o jornal catalão, que teve acesso as conversas, o diálogo teria acontecido no dia 30 de janeiro de 2021, quando outro veículo de imprensa, o El Mundo, publicou os valores do contrato de Messi com o Barcelona, após um vazamento do contrato do jogador. Há indícios de que o responsável pelo documento vir a público seria Joan Laporta, na ocasião, candidato à presidência.
Outros registros apontam que, quando a covid-19 se proliferou mundialmente e atingiu a Catalunha, Ponti teria enviado e-mails para Bartomeu levantando a possibilidade de vazar informações contratuais de Messi propositalmente. "Não seria uma má ideia publicar os contratos milionários do time principal para que as pessoas possam repudiá-los publicamente", disse o ex-diretor.
Bartomeu se defende em resposta ao companheiro de direção do clube, ressaltando não fazer todas as vontades de Messi e que a decisão de manter o salário enquanto todo o elenco, inclusive o capitão, aceitava reduzir o pagamento devido a queda forçada nas receitas. "Muitas vezes ouvimos Leo. Nem sempre, mas muitas vezes. Este contrato sem pandemia foi totalmente aceitável. Foi acertado tendo em conta tudo o que ele gera", disse o ex-presidente.
Esta não foi a única vez que Ponti quis divulgar os contratos de jogadores da equipe de forma anônima. Após a derrota de 8 a 2 para o Bayern de Munique, na semifinal da Champions League 2020, o ex-diretor sugeriu vazar o contrato de Gerard Piqué, além de atletas que, segundo ele, não tinham "mercado para ser transferidos", em alusão a Sergio Busquets.