Foi em entrevista a Zero Hora, em 11 de abril de 2002, que Pelé revelou ao mundo ser pai de Flávia Cristina Kurtz. A menina, então com 32 anos, havia sido concebida em Porto Alegre. Sua mãe, Lenita, é gaúcha de Santa Cruz do Sul, e teve relacionamento com o Rei durante a excursão da Seleção Brasileira na Capital em abril de 1969, no festival de inauguração do Beira-Rio.
A notícia veio à tona por uma vontade dos dois em desmentir uma polêmica daqueles dias. Flávia e Pelé se conheciam desde 1990 e mantinham ótima relação. O "segredo" era uma vontade dela. A fisioterapeuta, discreta, não queria ser conhecida como "filha do Pelé".
Mas uns dias antes daquele 11 de abril de 2002, Hélio Viana, ex-sócio do Rei, após uma desavença, deu uma entrevista afirmando que o craque pagaria a Flávia uma espécie de salário para se manter em silêncio.
Veio da própria filha o desmentido:
— Isso não é verdade. Ele me deu uma ajuda exclusivamente para a faculdade e por vontade espontânea dele. Nunca precisei pedir nada.
À reportagem de ZH, Pelé disse:
— Agradeço a Deus porque ela é uma garota maravilhosa. Nunca falei porque respeitava o pedido dela de ter tranquilidade na vida.
Flávia não soube quem era seu pai até completar 18 anos. A rigor, a filha "gaúcha" de Pelé não é bem gaúcha. Lenita morava em São Paulo quando deu à luz a menina. Ela morava lá e pouco depois casou com o empresário Juarez Vieira de Carvalho. Foi ele quem acompanhou o crescimento da moça. Por isso, também é tratado como pai.
— Sou uma pessoa superprivilegiada porque tenho dois pais maravilhosos — disse Flávia no ato da revelação.
Ela voltou a morar em Porto Alegre, estudou Fisioterapia no IPA e sempre pediu para as poucas pessoas que sabiam da real identidade de seu pai que mantivessem segredo. Os rumores sempre existiram, mas as famílias optaram pela postura mais discreta.
O caso desta filha é o exato oposto de Sandra Regina Machado. Enquanto Flávia recebeu apoio de Pelé, Sandra foi à Justiça para ter o reconhecimento. Ela fez um exame de DNA que comprovou a paternidade e nunca teve uma relação familiar com o ex-jogador. Segundo Pelé, a razão foi a "forma" como ocorreu a procura. Ele ficou magoado porque, em vez de "procurá-lo para ganhar o carinho e a atenção”, ela foi à imprensa e aos tribunais exigir reparação. Sandra morreu em 2006, em decorrência de câncer. Pelé enviou cartão e flores, mas não foi ao sepultamento.
A aproximação de Flávia foi diferente. Uma amiga de Lenita, Elizabeth Machado Kael, escreveu uma carta a Pelé. Fez uma cópia e enviou aos dois endereços conhecidos do ídolo, o de seu escritório e o de sua casa. Nela, contava detalhes da relação e da festa, na casa de Everaldo, após o jogo Brasil x Peru, em abril de 1969, na qual Pelé e Lenita se conheceram.
A correspondência chegou, e o Rei telefonou para a autora. Após 45 minutos de conversa, ficou acertada uma visita de Flávia. Ela foi a São Paulo, encontrou seu pai e desde então mantiveram uma ótima relação. Flávia esteve, ao lado dos irmãos, no Hospital Albert Einstein até o fim da vida de seu pai.
OS FILHOS
Com Rosemeri dos Reis: Kely, Edinho e Jennifer
Com Anísia Machado: Sandra Regina
Com Lenita Kurtz: Flávia Cristina
Com Assíria do Nascimento: Joshua e Celeste
OS NETOS
De Sandra Regina: Octavio e Gabriel
De Edinho: Stephany, Sophia
De Flávia: Arthur
De Kely: Rubi Rose, Malcolm, Enzo, Ella