No interior – bem interior de São Gabriel – Seu Athos é um dos últimos carreteiros de gado do país. Em um ambiente tranquilo, com paisagem típica da fronteira gaúcha, que permite ao visitante a visão do horizonte, ele nomeia seus cavalos por nomes de pássaros. Não é muito de futebol, mas sabe que na zona urbana da cidade está o Esporte Clube São Gabriel — orgulho da população desde 2004, quando, em uma espécie de "primeira versão" do clube, surpreendeu e venceu o Palmeiras no jogo de ida da segunda fase da Copa do Brasil.
De lá para cá, muita coisa mudou. O clube se reconstruiu, mudou de cores, saiu da Terceirona e agora milita na Divisão de Acesso. Da arquibancada, Artur Silva e Max Lara acompanharam tudo isso de perto. Agora, no escritório da diretoria, a condução do clube é com eles.
— O maior desafio de um clube do Interior é a questão financeira. A gente tem que buscar muita coisa, usar muito da criatividade para poder cumprir com os compromissos financeiros — comentou Max, que deixou de tocar o bumbo da organizada para ser vice-presidente do São Gabriel.
Antes no comando do surdo da organizada, agora com a caneta na mão assinando como presidente, Artur lembra do tempo em que a torcida foi fundada:
— Foi em 16 de agosto de 1998. Eu sempre olhava os jogos da Dupla Gre-Nal e via as torcidas. Aqui estamos muito longe, então pensei: "bah, vamos fazer uma torcida aqui?" E foi assim que começou.
Artus Silva e Max Lara são sucessores de Roque Hermes, histórico dirigente do São Gabriel, que deixou o clube no ano passado. Começaram vendendo rifas e colaborando com o clube vendendo camisetas. Pelos anos de paixão e dedicação ao clube, foram eleitos para os maiores cargos.
Em campo, o Sanga não correu risco de rebaixamento, porém terminou a primeira fase na sexta posição, fora da zona de classificação para a fase eliminatória. O sonho de retornar à elite do Gauchão e lotar o Sílvio de Faria Corrêa em um grande jogo ficou para o ano que vem.