O Comitê Olímpico do Brasil (COB) promoveu, na quinta-feira (18), o 1° Fórum da Mulher no Esporte. O evento contou com a presença de personalidades femininas do esporte nacional e internacional. Os cerca de 200 convidados que compareceram ao teatro do Jockey Club Brasileiro, no Rio de Janeiro, puderam acompanhar diversas palestras e debates que trataram sobre a equidade de gênero, a importância do crescimento da mulher no esporte, entre outros assuntos relacionados ao tema.
A realização do Fórum marcou um ano da criação da área Mulher no Esporte no COB. Por meio dela, a entidade tem promovido ações de valorização e fortalecimento das mulheres, como a Comissão da Mulher no Esporte, o Canal tira-dúvidas de Saúde da Mulher, entre outras medidas, todas com o objetivo de ajudar no bem-estar e desenvolvimento de atletas e colaboradores.
Uma das palestras mais aguardadas foi a de Nicole Hoevertsz, vice-presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI). Ela falou sobre as diretrizes e a visão da entidade para equidade de gênero. Nicole também valorizou a realização do Fórum.
— O Fórum se enquadra perfeitamente nos objetivos do COI. Fui presidente da ODEPA e da Comissão Mulher e Esporte do COI, e tive a oportunidade de visitar muitos países para passar essa mensagem: necessitamos de mais mulheres em todos os lugares do esporte. Treinadores, atletas, dirigentes, jornalistas. Temos muito o que celebrar, mas também temos o que melhorar. Vamos identificar essas áreas para que juntos possamos evoluir na participação da mulher no esporte — comentou a ex-nadadora olímpica de Aruba.
Outra participação importante foi a de Anastasia Divinskaya, representante do escritório da ONU Mulheres no Brasil, que falou sobre a visão do órgão para o esporte.
Durante o evento, também foi apresentado o relatório da pesquisa "Igualdade e Inclusão da Mulher no Esporte: mapeamento das organizações esportivas nacionais e internacionais", realizado pela ONU Mulheres em parceria com o COI e com apoio do COB.
Além de Nicole e Anastasia, o Fórum recebeu outras palestrantes importantes. Em uma das mesas, quatro ex-atletas de sucesso debateram o papel da mulher dentro do esporte: Natália Falavigna (medalhista de bronze em Pequim 2008 no taekwondo), Daiane dos Santos (campeã mundial de ginástica artística), Danielle Zangrando (primeira judoca medalhista em Mundial) e Jaqueline Silva (medalhista de ouro em Atlanta 1996 no vôlei de praia).
Necessitamos de mais mulheres em todos os lugares do esporte. Treinadores, atletas, dirigentes, jornalistas.
NICOLE HOEVERTSZ
Vice-presidente do COI
— A importância do Fórum é a gente entender que estão acontecendo ações e programas para que exista uma mudança. O COB tem feito essa parte. Mas precisamos pensar daqui pra frente, como vamos transformar as ideias em ações, para ver os resultados acontecendo. E foi bom para trazer o panorama da mulher dentro do esporte — disse Daiane dos Santos, que se emocionou e chorou ao falar sobre o apoio que recebeu dos pais durante toda a vida como atleta.
A última mesa de debate contou com as presenças de Mariana Dantas, superintendente especial de esportes do Governo do Estado de Sergipe; Mariana Miné, CEO Confederação de Rugby; Adriana Behar, CEO Confederação Brasileira de Vôlei e medalhista olímpica.
Isabel Swan, coordenadora da área Mulher no Esporte do COB e responsável pela criação do Fórum, se mostrou muito satisfeita com o resultado do evento.
— O Fórum foi um sucesso e marca, realmente, a vontade de todas as mulheres que vieram e que vivem o esporte, que enfrentam esses desafios diários. Que sabem o quão importante é a gente tocar nesse ponto e trazer essas temáticas que a gente trouxemos aqui, que é a inclusão da mulher no esporte, a inclusão de gênero no esporte — falou a medalhista olímpica de bronze na vela.
No final do evento, Aída dos Santos, finalista nos Jogos Olímpicos Tóquio 1964, recebeu uma bonita homenagem e foi presenteada com um troféu oferecido pelo COB.
— É muito importante ser homenageada em vida. Quando fala em Olimpíada, eu fico um pouco triste. Foi muito doloroso para mim ser a única mulher da delegação. Sem técnico, sem material para competir, e eu fazia questão de representar bem o Brasil. E todas as modalidades eram só masculino. Quando eu saí daqui, fui com a equipe de vôlei masculino. Me disseram que eu não iria para a final, que eu não tinha condições de ir para final. Vocês não sabem como isso me ajudou. Eu gosto de desafio. Pobre, morando no morro, filha de pai e mãe analfabetos. Sempre fui movida a desafios — contou após ser aplaudida de pé pelos convidados.