A corrida para os Jogos Olímpicos de Paris em 2024 já começou. Para alguns, o ciclo olímpico mais curto de três anos é uma dificuldade de adaptação, mas não parece ser o caso de Marcus Vinícius DAlmeida, arqueiro do Rio de Janeiro que desponta entre os melhores atletas do mundo - ocupa atualmente o quarto lugar no ranking. Na última semana, Marquinhos, como é conhecido, bateu três campeões olímpicos em sequência e levou o título da Copa do Mundo de tiro com arco, coincidentemente na capital francesa.
Primeiro foi o turco Mete Gazoz, atual campeão olímpico, que Marcus Vinícius eliminou nas quartas de final por 6 a 4. Em seguida, o brasileiro passou por Oh Ji Hyek, ouro em Londres 2012, na semifinal pelo mesmo placar. E para fechar com medalha de ouro, Marcus Vinícius enfrentou na decisão Kim Je Deok, dono de duas medalhas douradas em Tóquio 2020. O brasileiro levou o título na flecha de desempate.
Essas vitórias em sequência deixaram Marquinhos ainda mais motivado.
— Foi mágico! Estou atrás dessa medalha de ouro há muitos anos, e agora que ela veio, acho que ela chegou da maneira certa, tirando três campeões olímpicos, com a flecha de desempate. Tudo que tinha para vir, veio. Então estou muito feliz com tudo que está acontecendo, com o resultado, e ainda tem mais esse ano — afirmou ao Estadão. Com o resultado na capital francesa, o brasileiro subiu duas posições no ranking mundial e alcançou sua melhor colocação na carreira: quarto melhor arqueiro do mundo.
Conquistar o torneio em Paris, sede dos próximos Jogos Olímpicos, deixou um sabor ainda mais gostoso.
— Com certeza estar aqui em Paris e ganhar medalha não tem como não pensar em Olimpíada, é o que justamente eu e meu técnico estamos buscando. A gente fez um training camping de dez dias antes da Copa do Mundo. Então tudo isso já é pensado para os Jogos Olímpicos. Tudo está saindo como nós planejamos — disse.
Talento desde cedo
Marcus DAlmeida, entretanto, não é cara nova em cenário olímpico. Desde 2010 ele é apontado como uma promessa para o esporte brasileiro, destacando-se em competições de base. Em 2014, aos 16 anos, ele foi medalhista de prata nos Jogos Olímpicos da Juventude. No ano seguinte, foi campeão mundial júnior. Em 2016, no Rio, fez sua estreia olímpica aos 18 anos.
Em Tóquio, Marquinhos conquistou a melhor colocação de um brasileiro no tiro com arco: terminou o torneio individual em nono lugar. Ainda em 2021, logo após os Jogos do Japão, Marquinhos já disputou o segundo torneio mais importante do ano: o Mundial de Yankton, nos Estados Unidos. Diferentemente dos que se esperava de um "torneio pós-olímpico", o campeonato contou com vários dos melhores arqueiros do mundo, incluindo medalhistas olímpicos e mundiais. Lá, Marcus mostrou que já é um concorrente forte aos adversários. Na semifinal, bateu Brady Ellison, campeão mundial em 2019, só acabou derrotado pelo medalhista de ouro por equipes na Rio-2016 e em Tóquio-2020, o sul-coreano Kim Woojin, que conquistou seu terceiro título.
A medalha de prata no Mundial de 2021 foi fundamental para a evolução do trabalho de Marquinhos. Ele chegou no momento da carreira em que todo atleta busca: aos 24 anos, ele figura entre os melhores do mundo na modalidade. "O resultado no ano passado influencia bastante, só motiva ainda mais toda vez que a gente consegue um resultado maior. Algo melhor a gente fica ainda mais motivado, e acreditando mais em si mesmo", afirmou.
Ainda há outras competições até Paris 2024, como o Pan de Santiago em 2023, e Marquinhos quer continuar nessa boa fase da carreira, derrotando campeões um atrás do outro para chegar no lugar mais alto do pódio na capital francesa.