— A oportunidade tem de ser para todas, e queremos que o futebol feminino seja cada vez mais forte dentro do Rio Grande do Sul e do Brasil.
É assim que Duda Luizelli explica o projeto social ABC da bola com as meninas, que atende mais de 100 gurias, semanalmente, e existe há três anos. São 14 profissionais envolvidos nos treinos, que são totalmente gratuitos para meninas de 10 a 18 anos que sonham em viver do futebol.
— Já estamos no terceiro ano do projeto social através da Lei de Incentivo, do Ministério do Esporte, em que as empresas que têm lucro real podem doar até 1% do seu faturamento. Então, temos várias que apoiam o projeto — explica Duda, que tem mais de 30 anos de experiência em futebol feminino.
Atualmente, o ABC da bola com as meninas ocorre em Eldorado do Sul, Barra do Ribeiro, Porto Alegre e, no próximo mês, será realizado também em Guaíba. Dentre todos esses, há vagas em aberto em dois locais. Os interessados podem fazer a inscrição online por meio do Instagram do projeto.
— Temos cerca de 30 vagas em Porto Alegre, para meninas de 10 a 18 anos. E vão abrir para Guaíba no mês que vem. Estamos esperando elas. A nossa expectativa é conseguir lotar o mais rápido possível para que possam ter a oportunidade de jogar e se divertir — justifica Duda.
Os treinos em Porto Alegre são na HD Sports Complex, na Rua Lauro Muller, 680. Eles ocorrem nas quartas e sextas-feiras, em três horários: 9h30min às 10h30min, 14h às 15h e 15h às 16h.
Como funciona o projeto?
Todos os treinos do projeto social são totalmente gratuitos. Uniforme, agasalho, tênis, caneleira e até lanche após a atividade são fornecidos às gurias.
— Temos algumas metas. A menina faz três aulas e ganha um uniforme, por exemplo. Faz dois meses e ganha um agasalho. Faz três meses e ganha um tênis e uma caneleira. Temos algumas metas para que ela esteja participando realmente e possa continuar ganhando todo material — explica Duda, que lembra o momento em que entregaram os uniformes às gurias:
— Tinha menina chorando. Eu chorei junto. São coisas que me fazem continuar achando que o futebol feminino tem muito ainda a crescer e que eu posso ajudar muito em todas as esferas. Hoje, se talvez dentro do adulto eu cheguei lá onde todo mundo sonha, acho que eu posso fazer muito mais, com políticas esportivas diferentes, com esses projetos sociais — complementa Duda, que foi atleta, dirigente e também coordenadora da Seleção Brasileira Feminina.
Uma das gurias que participa do projeto social é Eduarda da Silveira, 10 anos. Estudante do 5º ano na EMEF La Hire Guerra, em Eldorado do Sul, ela participa dos treinos semanalmente. Atacante, a menina é uma das várias que sonha em viver do futebol.
— Eu gosto de vir, e acho muito legal porque também tenho amigas que vem aqui — disse, timidamente.
Quando questionada sobre ídolos no futebol, prontamente apontou para sua xará: Duda Luizelli.
Visibilidade para o futebol feminino
Ganhando mais espaço na mídia, mais investimento dos clubes e, também, maior apoio dos torcedores, o futebol feminino vem crescendo nos últimos anos. A expectativa é que com a Copa do Mundo de 2023, e com a Copa América de 2022, a visibilidade aumente ainda mais para a modalidade e para as gurias.
O futebol tem de ser para todo mundo e é isso que fomos buscar nestes projetos sociais
DUDA LUIZELLI
sobre o projeto ABC da bola com as meninas
— No ano que vem, que tem o Mundial, a gente vai crescer mais ainda, com transmissões da Rede Globo. A Copa América neste ano também. Então, acho que é um mundo sem volta, e é um mundo para todas. Não é só para aquela menina que consegue chegar em Porto Alegre para treinar num grande clube, não é só para aquela que consegue pagar uma escolinha. O futebol tem de ser para todo mundo e é isso que fomos buscar nestes projetos sociais. E é fantástico — argumenta Duda.
Sonho de fazer ainda mais
Mesmo fazendo muito, Duda sonha em fazer ainda mais. Há três anos envolvida no projeto social ABC da bola com as meninas, ela vê alguns pontos a melhorar nos próximos anos, para que o desenvolvimento das gurias seja ainda melhor:
— A gente dá tudo para elas, mas vemos que falta um pouquinho mais. Falta, daqui a pouco, termos uma assistente social, ou uma psicóloga esportiva dentro do projeto. Então, isso faz com que a gente saiba que podemos melhorar — complementa:
— Temos certeza que podemos muito mais e queremos muito mais, muito mais meninas jogando, porque é lá no cantinho do Rio Grande do Sul, no cantinho do Brasil que está escondido um talento. E se soubermos trabalhar este talento, o Brasil vai ser imbatível no futebol feminino nos próximos cinco, seis anos, que é o que tínhamos planejado.