Embora a Divisão de Acesso tenha definido os classificados para as quartas de final no último domingo (12), a competição pode ter uma reviravolta. O Avenida foi denunciado pelo São Gabriel no Tribunal de Justiça Desportiva-RS por descumprir o regulamento e corre o risco de ser eliminado da competição. O julgamento está marcado para a próxima sexta-feira (17), às 8h30min, em Porto Alegre.
O clube de Santa Cruz do Sul admitiu o erro, mas busca precedentes para compor a defesa. Três dos quatro jogos das quartas de final da competição já foram confirmados pela Federação Gaúcha de Futebol para o próximo domingo (19).
O confronto entre Veranópolis e Avenida, contudo, ainda não tem data devido ao imbróglio. Caso o Avenida perca quatro pontos, o Inter-SM seria o beneficiado e se classificaria por ter terminado a primeira fase na quinta colocação. O rival do VEC, então, seria o time de Santa Maria.
O erro
O erro do Avenida ocorreu diante do Santa Cruz, em 15 de maio, jogo válido pela oitava rodada da Divisão de Acesso. O clássico Ave-Cruz foi realizado no Estádio dos Eucaliptos e terminou empatado em 1 a 1. Na partida, a equipe utilizou nove jogadores que haviam atuado na Primeira Divisão dos campeonatos regionais do primeiro semestre. Oito entraram em campo e um, mesmo no banco de reservas, recebeu cartão amarelo, caracterizando participação na partida. Porém, conforme o artigo 24º do regulamento da Divisão de Acesso é permitida somente a utilização de oito jogadores.
ARTIGO 24º - Os clubes poderão incluir na Pré-Escala no Sistema GestaoWeb-CBF de cada jogo no máximo 08 (oito) atletas que tenham disputado jogos pelo CAMPEONATO GAÚCHO DA PRIMEIRA DIVISÃO (DIVISÃO ESPECIAL – SÉRIE A/1) da FGF e/ou pelos campeonatos da primeira divisão (ESPECIAL/PRINCIPAL/ SÉRIE A1/INCLUINDO SUAS RESPECTIVAS FASES PRELIMINARES QUE CONSTEM DOS RESPECTIVOS REGULAMENTOS) das demais federações brasileiras na edição de 2022, sendo que o clube que infringir o disposto neste artigo estará sujeito às penas previstas neste REC e no CBJD.
Os oito atletas do Avenida que entraram em campo foram o lateral-direito Marcão (ex-Patrocinense-MG), o zagueiro Micael (ex-Novo Hamburgo), o lateral-esquerdo Raphael Soares (ex-Aimoré), os volantes Jessé (ex-URT-MG) e Jhonata Lima (ex-Bahia de Feira de Santana-BA), e os atacantes Lucas Lopes (ex-Luverdense), Dandan (ex-Luverdense-MT) e Tadeu (ex-Paraná e Joinville).
Até aí tudo bem. O problema ocorreu com um jogador que nem entrou em campo, mas estava no banco de reservas. Aos 30 minutos do segundo tempo do clássico Ave-Cruz, o zagueiro Léo Santos recebeu cartão amarelo do árbitro Marcelo Cavalheiro Pereira por "Reclamar / protestar (verbalmente ou por gestos) ostensivamente contra decisão da arbitragem. Por reclamar, persistentemente, de minhas marcações", segundo a súmula do jogo. Isso caracterizou a participação de Léo Santos na partida, sendo assim o nono jogador do Avenida. Conforme o parágrafo primeiro do artigo 24º do regulamento, apenas jogadores que não entrarem em campo ou não sofrerem penalizações não serão considerados.
PARÁGRAFO PRIMEIRO - Os atletas porventura inclusos na Pré-Escala no Sistema GestãoWeb-CBF na qualidade de substitutos, a) que não participarem e/ou b) não sofrerem nenhum tipo de penalização nos jogos (cartão amarelo ou vermelho) e/ou c) condenação pela Justiça Desportiva (TJD estadual e/ou STJD) nos campeonatos especificados no presente artigo (24º), não serão considerados para efeito do número de atletas nele (artigo) previsto.
O executivo de futebol do Avenida, Fernando Koppe, admitiu o erro do clube, porém, entende que a permanência da competição ainda é possível.
— De fato, houve um lapso do clube com a escalação de nove atletas nesta rodada. Nós temos uma defesa já alinhada com uma série de pontos que vamos buscar. Acreditamos em uma absolvição ou uma pena não superior a três pontos. Se perdermos três, ainda ficamos na competição — comentou Koppe.
Punição
O Avenida será julgado com base no artigo artigo 214, nos parágrafos 1º e 2º do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que prevê a perda de três pontos, mais os pontos obtidos no jogo (um) e multa que vai de R$ 100 até R$ 100 mil.
Art. 214. Incluir na equipe, ou fazer constar da súmula ou documento equivalente, atleta em situação irregular para participar de partida, prova ou equivalente.
PENA: perda do número máximo de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da competição, independentemente do resultado da partida, prova ou equivalente, e multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).
§ 1º Para os fins deste artigo, não serão computados os pontos eventualmente obtidos pelo infrator.
§ 2º O resultado da partida, prova ou equivalente será mantido, mas à entidade infratora não serão computados eventuais critérios de desempate que lhe beneficiem, constantes do regulamento da competição, como, entre outros, o registro da vitória ou de pontos marcados.
Beneficiado
Embora quem tenha entrado com a ação seja o São Gabriel, o beneficiado com a perda de pontos do Avenida seria o Inter-SM, que terminou a primeira fase da Divisão de Acesso na quinta colocação, com três pontos a menos que o time de Santa Cruz do Sul. O São Gabriel foi o sexto, mas monitorava o caso desde maio, quando ainda tinha chances de se classificar.
O presidente do Inter-SM, Jauri Daros, entende que não há como o Avenida escapar da punição, já que a mesma situação ocorreu na temporada passada.
— Não tem como não perder esses pontos. O Bagé perdeu pontos no ano passado. Inclusive o São Gabriel (sexto colocado) está movendo a ação, o Inter é o terceiro interessado. Vamos junto com São Gabriel. Se não der em nada, infelizmente o campeonato fica comprometido — declarou o presidente do clube santa-mariense.
Bagé rebaixado em 2021
Na Divisão de Acesso do ano passado, o rebaixamento do Bagé foi definido no TJD. O time também escalou jogadores além do permitido em três partidas e perdeu 12 pontos, fato que resultou no descenso da equipe. O time jalde-negro disputava com o São Gabriel para não cair.
O caso ainda teve desdobramentos no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). No tribunal do Rio de Janeiro, o Bagé conseguiu uma redução da pena e perdeu nove pontos, mas não foi o suficiente para fugir do rebaixamento à Terceirona Gaúcha.