Inter e Grêmio compartilharam uma série de nomes em comum, entre técnicos e jogadores, durante os mais de cem anos da rivalidade. A lista de quem defendeu profissionalmente os dois lados ficou mais inchada após a direção colorada anunciar na noite de terça-feira (19) a contratação de Mano Menezes como novo treinador da equipe.
Quase 15 anos após ter deixado Porto Alegre como um profissional emergente, Mano regressa para tentar reviver no Inter os melhores dias de sua carreira. Mano solidificou seu nome no cenário nacional durante as duas temporadas e meia que passou no Tricolor. Entre 2005 e 2007 comandou as campanhas que tiraram o clube da Série B e levaram até a final da Libertadores.
Os passos seguintes da carreira foram: Corinthians, Seleção Brasileira, Flamengo, Cruzeiro, Palmeiras e Bahia, além de efêmeras passagens pelo futebol árabe e pela China.
A imaginária estrada que leva do Beira-Rio para o Olímpico/Arena foi percorrida por, pelo menos, outros 20 treinadores. Alguns fizeram escalas no trajeto. Outros fizeram o percurso sem interrupção. Ainda houve aqueles que percorreram o caminho mais de uma vez.
Abaixo, GZH relembra as histórias de cada um deles.
Celso Roth
Foi o último profissional a ter experiência com as críticas de gremistas e colorados — no caso dele, em boa quantidade. Roth passou quase duas décadas estando ora de um lado, ora de outro. São quatro passagem pelo Grêmio e três pelo Inter, a última delas na campanha que culminou no rebaixamento colorado, em 2016.
Foram quatro títulos. Pelo Inter, venceu o Gauchão de 1997, em sua estreia na dupla Gre-Nal, e a Libertadores de 2010. Pelo Grêmio, conquistou o Estadual e a Copa Sul de 1999.
É daqueles nomes aplaudidos por vermelhos e azuis. O primeiro grande título da carreira do técnico da Seleção Brasileira foi a Copa do Brasil com o Grêmio, em 2001. No Tricolor, também foi campeão do Gauchão daquele ano. Sete temporadas depois, chegou ao Beira-Rio e entre outras taças ergueu a da Copa Sul-Americana de 2008 e a do Gauchão do ano seguinte.
Paulo Autuori
Atual diretor-técnico do Inter, Autuori teve trabalhos que geraram poucas alegrias aos dois clubes. Em 1999, no Inter, foi vice-campeão gaúcho e foi eliminado na semifinal da Copa do Brasil pelo Juventude, no Beira-Rio. No Grêmio, desembarcou após quase depois meses de espera em 2009, assumindo no lugar de Celso Roth. Após se desvencilhar do futebol árabe. Seu time teve parcos resultados como visitante.
Emerson Leão
Goleiro do Grêmio campeão brasileiro em 1981, Leão não precisou nem mudar de apartamento entre 1999 e 2000. Primeiro, foi o técnico que livrou o Inter do rebaixamento. No ano seguinte, assumiu o Grêmio em um trabalho pouco memorável. Ajudou a montar o time formado com o dinheiro da ISL. Durou somente nove partidas e obteve apenas uma vitória.
Antônio Lopes
O Delegado levou o Inter ao seu último título nacional. Era ele que comandava o time campeão da Copa do Brasil de 1992. Dois anos depois, teve outra passagem pelo Beira-Rio sem o mesmo sucesso. Foi contratado pelo Grêmio após o fracasso de Leão. Enfrentou um problema de saúde no período em que esteve em Porto Alegre e teve seu ciclo encerrado em agosto de 2001.
Cláudio Duarte
Outro nome esteve dos dois lados em um grande número de vezes. Vivenciou quase tudo que é possível dentro do vestiário dos dois clubes. No fim dos anos 1970, encerrou prematuramente a carreira de jogador e emendou a de treinador no Inter. Ao todo, são sete passagens pelo Beira-Rio e quatro pelo Olímpico. Foram quatro títulos gaúchos, três pelo lado vermelho e um pelo azul. No Tricolor, venceu a primeira edição da Copa do Brasil, em 1989. Em 2002, ajudou o Inter a não cair. Dois anos depois, não teve o mesmo êxito no Grêmio.
Otacílio Gonçalves
O time campeão da Copa do Brasil comandado por Claudião tinha herança de Otacílio Gonçalves. Em 1988, o Chapinha montou o "Grêmio Show", time que encantou o país com grande campanha no Brasileirão. Também levantou a taça do Gauchão na mesma temporada.
Otacílio começou a carreira como preparador físico do Inter. Assumiu o time em 1984, conquistando o Gauchão no ano seguinte. Ainda teve outra passagem pelo Beira-Rio na reta final do Brasileirão de 1998, sem conseguir classificação para as quartas de final do torneio.
Cassiá Carpes
Em 1998, Otacílio assumiu no lugar de Cassiá Carpes, outro exemplar de treinador que passou pelos dois lados. Ex-jogador gremista, treinou o Grêmio em 1993. Embora sem títulos, o trabalho plantou sementes. Ele subiu para os profissionais alguns nomes que levariam o clube às vitórias nos anos seguintes. No Inter, fez um trabalho regular em 1998, mas perdeu força nas rodadas finais do Brasileirão, com o time deslizando rodada a rodada para fora da zona de classificação do Brasileirão.
Procópio Cardoso
Figura histórica nos gramados de Minas Gerais, Procópio Cardoso tem poucas alegrias para recordar do tempo que trabalhou em Porto Alegre. Treinou o Grêmio por exatos 90 minutos. Saiu após um único jogo (derrota por 3 a 1 para o Palmeiras). Não tardou e o Inter apostou no ex-zagueiro em 1994. Durou um pouco mais, mas sem desenvolver um bom trabalho.
Chiquinho
O ex-treinador conhece como poucos o futebol do Interior do Estado. Seus bons trabalhos lhe renderam chances na dupla Gre-Nal, uma em cada lado. A primeira oportunidade foi no Grêmio, em 1984, pegando a base do time campeão mundial no ano anterior. Quatro anos depois, treinou o Inter, em um trabalho sem grandes recordações.
Castilho
Foi um dos grandes goleiros da história do futebol brasileiro. Convocado para as Copas do Mundo de 1950, 1954, 1958 e 1962, Castilho foi titular somente no Mundial da Suíça. Como técnico, também teve carreira sólida, mas no Rio Grande do Sul não viveu seus melhores dias. Ficou no comando do Grêmio por dois meses em 1982. Antes, em 1977, treinou o Inter nos primeiros jogos da temporada.
Sérgio Moacir Torres
Foi goleiro e treinador nos dois clubes. À beira do gramado, desenvolveu três trabalhos em cada um dos lados da Dupla. Foi campeão gaúcho pelo Inter em 1961, encerrando a sequência de cinco títulos do adversário. Pelo Tricolor, foram duas taças estaduais.
Ênio Andrade
Um dos maiores nome da história do futebol gaúcho. Levantou taças importantes pelos dois lados. No Inter, montou o time campeão brasileiro invicto em 1979. No Grêmio, esteve à frente do primeiro título nacional, em 1981. Também teve passagem pelo Tricolor em 1975. Além do eterno trabalho em 79, treinou o time colorado em outras três oportunidades. Em uma delas, foi vice-campeão nacional em 1987.
Valdir Espinosa
Hoje parece improvável, mas Valdir Espinosa trabalhou no Inter. Técnico campeão do Mundo e da América com o Grêmio em 1983. Teve outros três trabalhos no Olímpico. Estreou em 1980 e, já consagrado, regressou em 1986 e 1991. Ainda teve um rápida passagem pelo Inter, em 1990. Durou somente dois meses, em um ano que o clube teve seis profissionais diferentes no comando do time.
Ernesto Guedes
Um dos outros cinco treinadores que trabalharam no Beira-Rio em 1990. Esse foi o seu segundo momento no clube. No primeiro, em 1982/83, conquistou o título gaúcho.
A chance no Estádio Olímpico surgiu em 1992. Ficou de fevereiro a agosto, sem grandes feitos no comando do time tricolor.
Dino Sani
Um dos nomes esquecidos do futebol brasileiro. Campeão Mundial como jogador em 1958, foi técnico na campanha que culminou com o rebaixamento do Grêmio em 1991.
Seus dois trabalhos no Beira-Rio colheram frutos melhores. Nos anos 1970, venceu o Gauchão três vezes. No seu regresso ao Inter, conquistou o Estadual em 1983.
Rubens Minelli
Foi um dos principais personagens da vida colorada, mas que também escreveu seu nome na história gremista. Minelli foi bicampeão brasileiro e estadual com o Inter em 1975/76.
Apesar da campanha vitoriosa, não retornou mais ao clube. Depois, foram dois momentos no Olímpico. Em 1985, conquistou o Gauchão. Na sequência, teve mais alguns jogos entre 1988 e 1989.
Oswaldo Rolla
Foguinho está entre os maiores destaques da história gremista. Campeão como jogador nos anos 1930, é o terceiro técnico com mais jogos pelo Grêmio.
Nas mais de 300 partidas, conquistou quatro títulos gaúchos. Passou pelo Inter em 1968 sem colocar taça no armário.
Carlos Froner
Além de ter iniciado o trabalho que culminou a Era de ouro do Flamengo, conquistou troféus no Rio Grande do Sul. Foram três estaduais em cinco passagens pelo Grêmio.
Em meio a um período de vitórias tricolores, treinou o Inter em 1962.
Daltro Menezes
Foi uma referência no Beira-Rio. Comandou o time que deu o pontapé para as vitórias nos anos 1970 ao vencer o Gauchão de 1969. Foi o responsável por revelar diversos craques naquele período.
Depois, esse ícone do futebol pampeano passou pelo Grêmio em 1972, sendo vítima do esquadrão que ajudou a construir. Ainda foi contratado outra vez pelo Inter em 1985.