Suspense, cancelamento de visto, chance de deportação, julgamento, mentiras, pedido de desculpas, novo cancelamento de visto e um final infeliz para quem muitos enxergam como vilão e outros como mocinho. Acostumado a ter o calor de fazer canguru sentir sede como tema principal nos dias anteriores às primeiras partidas, o Australian Open virou o cenário para um drama imigratório protagonizado por Novak Djokovic.
No tie break dessa batalha de muitos sets, o sérvio e líder do ranking mundial ficou sem o visto que permitiria que ele defendesse o título. Além de tentar vencer pela décima vez o torneio, há muito em jogo para Djokovic, mesmo ausente, e para o mundo do tênis como um todo.
Agora que há a certeza de que o sérvio não estará em quadra, veja sete razões para ver a bolinha quicar nas próximas duas semanas pelas quadras do complexo de Melbourne Park. O torneio terá transmissão dos canais Disney.
1- Nadal e a chance de quebrar o recorde de títulos de Slams
Quando Pete Sampras pendurou as raquetes no começo do século com 14 títulos desse porte, o feito parecia imbatível. O que não se sabia é que o futuro reservava uma geração com três dos maiores nomes da história dos esportes. Primeiro, Roger Federer passou o americano. Depois foi Rafael Nadal. Por fim, chegou Djokovic. O trio divide o recorde de 20 taças de Grand Slam no currículo.
Ao suíço de 40 anos e aos sérvio resta secar o espanhol. Federer recupera de uma cirurgia no joelho e ainda não se sabe se voltará às quadras. Sob o sol australiano, Nadal luta para um ser o único detentor do recorde, mas a situação é improvável. O Rei do Saibro venceu somente uma vez o Australian Open (2009) e desde 2019 não ganha um Grand Slam em quadras rápidas.
2 - Briga pela liderança do ranking
Mesmo sem estar com a raquete na mão, Djokovic tem motivos para acompanhar o Australian Open. Sem poder pontuar para o ranking em Melbourne e perdendo os pontos conquistados no ano passado, o topo do ranking da ATP pode ter um novo dono.
O sérvio teria 2 mil pontos por defender em Melbourne. Descontando a pontuação, sua posição fica vulnerável. Tanto o russo Daniiel Medvedev, segundo da lista de entradas, quanto o alemão Alexander Zverev, terceiro colocado, podem ultrapassar o sérvio. O tênis só terá um novo número 1 se um dos dois erguer o troféu de campeão em 30 de janeiro.
3 - Nova geração domina o circuito
Não faltam candidatos para despedaçarem as pretensões de Djokovic e Nadal. A chamada nova geração deixou de somente incomodar os principais nomes do circuito. Ela passou a ser protagonista.
Dos 10 primeiros do ranking da ATP, apenas Djokovic e Nadal têm acima de 25 anos. Número 2 do mundo, o russo Daniil Medvedev venceu seu primeiro Grand Slam em setembro, quando superou Djokovic na final do US Open, impedindo o sérvio de se isolar como o maior vencedor de Grand Slams e de conquistar as quatro principais taças do tênis no mesmo ano.
Os próximos da lista a vencerem uma das quatro principais competições do circuito são o alemão Alexander Zverev e o grego Stefanos Tsitsipas. O russo Andrey Rublev, o italiano Matteo Berretini, o norueguês Casper Ruud, o canadense Felix Auger-Aliassime e o polonês Hubert Hurkacz fecham o grupo de principais candidatos a se juntarem a Stan Wawrinka, único tenista além de Nadal, Federer e Djokovic a ter vencido o Australian Open desde 2006. Nos 15 anos anteriores, nove tenistas diferentes foram campeões na Austrália.
4 - Osaka tente retomar a boa fase
Sem Serena Williams, lesionada, a principal estrela da chave feminina é a japonesa Naomi Osaka, atual campeã do torneio. Após vencer o Australian Open do ano passado, ela teve uma temporada irregular pela sua batalha contra a depressão, revelada ao abandonar Roland Garros,em junho passado.
Na Austrália, Osaka tenta se tornar a 13 ª mulher a ter cinco ou mais títulos de Grand Slam na Era Aberta. A última a atingir a marca foi Maria Sharapova, em 2014.
5 - Andy Murray e seu quadril de metal
Se Andy Murray está em quadra, a gente assiste. E Murray estará com uma raquete na mão em Melbourne. O número 135 do mundo jogará após receber um convite da organização do torneio. Os últimos anos foram dolorosos para o britânico.
Ele passou mais tempo na fisioterapia e na sala de cirurgia do que em quadra. Aos 34 anos, o bicampeão de Wimbledon não desistiu da carreira e vende caro cada ponto, mesmo que jogue com um quadril de metal. Foi o tenista que mais incomodou o trio Federer-Nadal-Djokovic e tem sido um exemplo de dedicação.
No ano passado, sua vitória mais significativa foi sobre Jannik Sinner, único jogador do top 10 que bateu em seu retorno às quadras.
6 - Adolescentes que podem surpreender
Desde 1997, quando Martina Hings venceu seu primeiro Grand Slam aos 16 anos e 117 dias de vida, um ou uma adolescente não vence o Australian Open. Há alguma perspectiva para que a façanha se repita em 2022. Três tenistas abaixo dos 20 anos estão entre as 25 melhores do mundo no feminino. A principal expoente é Emma Raducanu. A britânica de 19 anos e número 18 do mundo surpreendeu o planeta ao, em setembro, vencer o US Open vindo do torneio classificatório.
Logo atrás de Raducanu no ranking está Coco Gauff. Aos 17 anos, a americana tem como melhor campanha em um Slam as quartas de final de Roland Garros no ano passado. Seu cartel apresenta uma vitoria sobre Naomi Osaka. Também com 19 anos, a espanhola Leylah Fernandez, número 24 do mundo, completa o trio.
No masculino, há um único adolescente entre os 50 melhores da lista da ATP. Trata-se de Carlos Alcaraz. Com apenas 18 anos, teve um ascensão vertiginosa no ano passando, saltando 108 posições. Atual número 33 do ranking, ele já venceu três partidas contra tenistas do top 10.
7 - Torneio de duplas
As chances de o Brasil ter representantes nas fases decisivas do torneio recaem nas duplas masculinas. O país terá dois cabeças de chave, Marcelo Melo formará parceria com o croata Ivan Dodig. Bruno Soares estará em quadra ao lado do britânico Jamie Murray.
Nas chaves de simples, Thiago Monteiro esta na masculina e Bia Haddad Maia, na feminina.