Grande ídolo do Cruzeiro e jogador que mais defendeu o clube na história, com 976 jogos, Fábio usou suas redes sociais nesta quarta-feira (5) para lamentar sua despedida do Cruzeiro após 18 temporadas. O goleiro revelou que aceitou baixar os vencimentos e receber o teto salário, mas acabou preterido pela nova gestão, sob alegação que "estava fora do planejamento para a próxima temporada".
Fábio se reuniu com os novos gestores da SAF do Cruzeiro nos últimos dois dias e tinha apenas uma exigência, negada pelos dirigentes: ele queria defender as cores do Cruzeiro até dezembro para buscar o acesso na Série B. O clube ofereceu apenas três meses de contrato.
— Querida Nação Azul, perdão por esses dias de silêncio. Tentei com todo meu coração permanecer no Cruzeiro. A renovação do meu contrato foi acertada com o clube, através do presidente Sérgio Rodrigues em novembro de 2021, faltando apenas as assinaturas dos documentos negociados. Mas essa nova administração não me deu mais essa opção — explicou o goleiro, ressaltando a vontade de atuar até o fim da temporada.
— Quero deixar claro que aceitaria a readequação ao novo teto salarial, mas essa nova administração também não me deu essa opção — seguiu o desabafo.
— Sempre estive pronto para ajudar o Cruzeiro, inclusive me readequando à nova realidade, o que já fiz em outros momentos de dificuldade do clube.
Fábio jogou no Cruzeiro pela primeira vez em 2000. Voltou em 2005 e se tornou ídolo da torcida. Ganhou muitos títulos e foi eleito o melhor goleiro dos Brasileiros de 2010 e 2013. Aos 41 anos, sonhava em ficar até dezembro para superar os 1000 jogos pelo clube e se despedir colaborando para a equipe voltar à Série A.
— Não me deram outra opção que não fosse finalizar minha carreira no Cruzeiro no fim do Campeonato Mineiro. Me disseram que qualquer cenário estava inviabilizado e que não faço parte do planejamento desportivo para 2022 — enfatizou.
— Os três meses que me ofereceram só aumentariam minha dor da despedida. A SAF Cruzeiro quer encerrar minha carreira imediatamente — complementou.
Fábio agradeceu ao clube, à torcida e revelou estar com coração apertado, com lágrimas e dor.
— Conto com o carinho e o respeito de vocês nesse momento tão difícil.
Também pelas redes sociais, o Cruzeiro manifestou-se. O clube fez uma homenagem ao goleiro, com fotos e vídeos, e publicou um texto de agradecimento:
"Chegou a hora de dizer adeus. O ídolo que por tantos anos, tantos jogos e com tanta vida nos representou embaixo das traves, como se fosse cada um de nós da Nação Celeste, não estará mais ali, em campo. Fábio tem sua trajetória indissociável da nossa história. Um capitão que honrou a camisa celeste, o que fez nossa torcida, com toda justiça, o idolatrar. Falar de Cruzeiro tem sido falar de… Fábio.
São títulos e números que falam por si só: 17 anos consecutivos no clube, o jogador que mais vestiu nosso manto (976 jogos), 13 títulos, entre eles o tricampeonato da Copa do Brasil (2000, 2017 e 2018), o bicampeonato brasileiro (2013 e 2014) e sete vezes campeão mineiro. Foram ainda 34 pênaltis defendidos e dois troféus como melhor goleiro do Brasileirão. Uma história vitoriosa.
Fábio foi sinônimo de dia de jogo, de disciplina, trabalho e entrega para e pelo nosso clube. Um profissional exemplar, líder nato, respeitado dentro e fora de campo. Nossa gratidão será, como seu registro na história do Cruzeiro, eterna. E a Toca será, para sempre, a casa do Fábio. Assim como o coração de todos nós. Vamos planejar uma série de homenagens ao ídolo nos próximos dias. Porque ele merece e todo cruzeirense também".