Entre junho e julho de 2018, Douglas Costa e Pedro Geromel estavam na Rússia com a mão espalmada sobre o peito cantando o "Ouviram do Ipiranga". Há quase quatro anos, a dupla vivia o penúltimo degrau da carreira ao serem chamados por Tite para a disputa da Copa do Mundo — o último é ser campeão mundial. Mas o futebol é dinâmico. Os dois despencaram alguns lances na escada do sucesso e se preparam para disputar a Série B em 2022.
O futuro do meia-atacante ainda está indefinido, porém o defensor é uma certeza na peregrinação que o Grêmio fará na Segunda Divisão este ano. A situação não é das mais comuns, mas está longe de ser inédita.
Uma série de jogadores, inclusive campeões mundiais, amargaram partidas na Série B em seus currículos. GZH listou dez exemplos. Confira:
Marcos - Palmeiras (2003)
A queda de Marcos foi vertical. Meses depois de defender a meta do Brasil no penta em 2002, o goleiro participou da campanha que culminou no rebaixamento do Palmeiras.
Foram tempos bicudos para Marcão. Em campo foi protagonista de algumas presepadas, como na derrota por 7 a 2 para o Vitória, pela Copa do Brasil.
Naquele jogo, furou em bola em um dos gols do clube baiano. Insatisfeito com o momento do clube, suas declarações após as partidas eram uma metralhadora que disparava reclamações para todos os lados.
Apesar dos momentos de tensão, o Palmeiras construiu uma campanha sólida na Série B de 2003. Foi líder das três etapas do torneio e subiu sem maiores sustos.
Zinho - Palmeiras (2003)
Outro campeão do mundo passou pelas agruras da Segunda Divisão naquele Palmeiras de 2003. Um dos jogadores mais vitoriosos do futebol brasileiro e titular no tetracampeonato do Brasil, Zinho jogou pelo Palmeiras entre 2002 e 2003.
Ele iniciou sua segunda passagem pelo clube Paulista após um período vitorioso no Grêmio. O curioso é que ele atuou em apenas uma partida da Série B, diante do Brasiliense, e depois se transferiu para o Cruzeiro, onde foi campeão brasileiro.
Jefferson - Botafogo (2015)
O goleiro viveu situação semelhante a de Pedro Geromel. Foi convocado para Copa do Mundo, mas não entrou em campo. Jefferson foi o reserva de Julio César no Mundial do Brasil, em 2014.
Assim como Marcos, sentiu as dores da queda poucos meses depois de ter sido convocado. Em um frágil Botafogo, suas defesas não foram suficientes para evitar que o time levasse 48 gols e terminasse na penúltima colocação no Brasileirão.
Sem sofrimento, o clube carioca fez uma trajetória robusta na Série B de 2015, somou 72 pontos e garantiu o título da competição.
Maicon - Criciúma (2019)
Com duas Copas do Mundo nas costas (200 e 2014), o lateral-direito vestiu camisas de clubes de menor tradição nos últimos anos de sua carreira. Em 2019, jogou a Série B pelo Criciúma. Longe dos seus melhores dias, não conseguiu evitar a queda para a Terceira Divisão nacional.
Aos 40 anos, o gaúcho de Novo Hamburgo ainda não encerrou a carreira. Atualmente ele está no Tre Penne, de San Marino.
Grafite - Santa Cruz (2015 e 2017)
Grafite escreveu seu nome na histórias das Copas ao ser chamado por Dunga para o Mundial da África do Sul, em 2010. À época, o centroavante com passagem pelo Grêmio defendia o Wolfsburg. Em 2015 chegou ao Santa Cruz para disputa da Série B.
Foi um dos principais nomes do vice-campeonato daquele ano. No ano seguinte, não evitou a queda do clube onde iniciou a carreira. Em 2017, foi para o Athletico-PR. No Furacão fez pouco estrago nas defesas adversários. Retornou ao Santa sem conseguir manter time na Segunda Divisão.
Henrique - Coritiba (2021)
A experiência de jogar a Série B não era novidade para Henrique. Antes de ser chamado por Felipão para a Copa de 2014, o zagueiro jogou a Segunda Divisão em 2006 e 2007, pelo Coritiba, e 2013, pelo Palmeiras.
O defensor foi a principal surpresa da lista do treinador. No ano passado, subiu com o Coritiba, clube em que estreou como profissional.
Edílson - Vitória (2007)
Foram somente nove partidas e um gol, mas foi o suficiente para o Vitória voltar à elite do futebol brasileiro em 2007. Com Edílson mais ausente do que presente, o clube baiano terminou a Série B na quarta colocação. Pela Seleção, o Capetinha fez parte do grupo pentacampeão em 2002.
Viola - Bahia (2005)
Muitos esquecem, mas Viola jogou a final da Copa do Mundo de 1994. Ele entrou durante a partida no lugar de Zinho. Em 2005 se aventurou com o Bahia na Série B. Foi escalado somente oito vezes e foi às redes quatro vezes. Seus gols não foram suficientes para evitar o rebaixamento para a Terceira Divisão, já que naquele ano foram seis equipes rebaixadas. Em uma tentativa de prolongar a carreira, o atacante pipocou em clubes de menor tradição. Até pendurar as chuteiras em 2015. A camisa do Taboão da Serra foi a última que ele vestiu profissionalmente.
Gomes - Watford (2014/2015)
O goleiro revelado pelo Cruzeiro foi um dos reservas de Julio César na Copa de 2010. Naquele momento tinha uma carreira estabilizada na Europa, após passar pelo PSV e o Hoffenheim. Entre 2008 e 2020 morou em Londres, onde teve duas passagens por Tottenham e Watford.
Pelo clube que já teve Elton John como presidente, Gomes jogou o Championship, a Segunda Divisão local. Foi uma campanha histórica. O Watford chegou aos 89 pontos, ficou na segunda posição e retornou à Premier League.
No ano passado, assinou com o Democrata de Sete Lagos-MG, mas deixou o clube sem entrar em campo devido a entraves contratuais.
Kleberson - Indy Eleven (2014/2015) e FL Strikers (2016)
"Estranha" é uma boa palavra para resumir a carreira de Kleberson. Em uma rápida ascensão, foi titular do Brasil no penta, em 2002. Nunca mais repetiu o nível de atuações, o que não impediu que Dunga o chamasse para jogar em 2010. Seus últimos clubes no futebol profissional foram em divisões inferiores dos Estados Unidos. Primeiro, ele defendeu o Indy Eleven. Depois, o Fort Lauderdale Strikers.
Felipão - Cruzeiro (2020)
A vivência de dois mundos extremos não é exclusividade de jogadores. Um técnico campeão mundial também viveu a experiência de trabalhar na Série B. Vitorioso no Cruzeiro, ele abraçou a causa do clube em 2020. Assumiu um time que corria o risco de ser rebaixado. Depois de 21 jogos, evitou a queda, mas não conseguiu terminar entre os quatro primeiros.
Felipão teve três participações em Copas. Em 2002, comandou o Brasil na campanha do penta. Nos Mundiais seguintes, esteve no leme da seleção portuguesa, terminando em quarto lugar em 2006 e caiu nas oitavas de final quatro anos depois, sendo eliminado pela campeã Espanha.