Ex-jogador de vôlei, o estudante de engenharia agrônoma Natã Porte, 21 anos, já havia desistido do esporte profissional quando foi cortado do time do Canoas Vôlei que disputaria a Superliga em 2019. Para superar a frustração, o atleta ingressou no beach tennis, inicialmente, apenas com a intenção de se divertir. Hoje, Natã é número 1 do Rio Grande do Sul e será uma das principais atrações locais neste final de semana na Sul Special Cup, etapa de Porto Alegre do circuito mundial da modalidade.
— Eu não queria mais nem ver uma bola de vôlei perto de mim. Aí o meu pai sugeriu que eu começasse a jogar beach tennis. Eu gostei muito, achava parecido com o vôlei de praia, mas não tinha a intenção de virar profissional. O que mudou os meus planos foi o meu desempenho na Sul Special Cup do ano passado. É um esporte que não tem a mesma pressão do vôlei, então o meu jogo acaba fluindo melhor — explica.
Ainda distante das principais posições no ranking nacional, Natã aposta em formar parcerias com atletas de outros estados para qualificar o seu jogo e ajudar na evolução do beach tennis gaúcho. Um dos seus principais aliados para isso é o catarinense, Daniel Schmitt, 28 anos, número 4 do Brasil e 25 do mundo. Juntos, os dois venceram em junho um torneio em Biguaçu-SC, superando na final ninguém menos que o melhor atleta do país, o também catarinense André Baran.
Hoje, Natã tem um trunfo especial para convencer Daniel Schmitt a viajar com mais frequência de Blumenau a Porto Alegre para treinar com ele. Afinal, as namoradas dos dois atletas são irmãs gêmeas, as gaúchas Luiza e Brenda Brissac, 18 anos, também atletas de beach tennis.
— Estou devendo essa para o Natã, pois foi ele quem me apresentou a Brenda. Então, cada vez que vou a Porto Alegre, se o Natã me chama para treinar, eu tenho que ir (risos). Treinar com pessoas diferentes é muito importante para os atletas mais novos, pois eles pegam uma experiencia e um ritmo de jogo que ainda não estão acostumados — avalia Schmitt.
Os atletas gaúchos Emílio Giorgetta, 17 anos, e Rafael Luzzi, 21 anos, número 2 e 4 do estado, respectivamente, adotam a mesma estratégia. Afinal, o beach tennis gaúcho profissional ainda está em um patamar abaixo em relação a outros estados.
— Hoje, São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina são as principais potências no circuito nacional. Então, quando a gente viaja, o nível é mais alto, e isso nos motiva a viajar cada vez mais para elevar o nosso nível e pegar mais experiência — projeta Emílio, que tem no currículo vários títulos nas seleções de base e recentemente foi vice-campeão de um torneio em Campinas jogando ao lado do paulista Felippo Bernardes, 17 anos.
Já Luzzi disputou torneios ao longo do ano em Tocantins, Alagoas, Paraíba e no Distrito Federal, formando duplas com o baiano Antonio Tremura, 20 anos, e o alagoano Pedro Consiglio, 18 anos. O atleta não descarta inclusive se mudar para outro estado para evoluir o seu jogo.
— Os melhores jogadores do circuito, como Thales Santos, Marcus Ferreira, Vini Font, André Baran e Daniel Schmitt, são de São Paulo, Rio e Santa Catarina. Vários atletas de alto nível decidem viajar para esses estados para formar novas parcerias. Estou recebendo algumas propostas para dar aulas em outros lugares e penso sim na possibilidade de sair do Rio Grande do Sul — projeta Luzzi.